08/06/2009

De barquinho, pelo grande Mar

O mar é uma grande bolacha líquida de água e sal
Mas ele precisa estar limpinho
Como as lindas águas de Martim de Sá
Lá, o seu Maneco é marinheiro forte
Entra chuva e faça sol, Maneco é guerreiro
Cuida da água, do sal e de todo que habita Martim
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Quando estive em Martin de Sá, no fim de 2008 e nos primeiros dias de 2009, seu Maneco, o morador ilustre da Reserva Ecológica Juatinga, localizada em Paraty - RJ, já nos alertava para a irresponsabilidade de alguns meios de comunicação para com a Reserva.
Ressaltando apenas o caráter paradisíaco de Martim de Sá, esquecem de revelar os cuidados necessários para quem deseja conhecer a praia e de sua reduzida capacidade de abrigar tantas pessoas. Foi assim uma reportagem do Estadão que listava lugares alternativos para a passagem de ano.

A Reserva encheu e o seu Maneco, sempre atencioso, claro que não ia mandar ninguém embora, se virou como pôde para abrigar as barracas na área permitida.
Mas, durante o carnaval, parece que Martim de Sá tornou chamar atenção de turistas após aparição em jornal. O efeito é inevitável e, não fosse a falta de respeito e desmazelo para com a natureza e com o seu Maneco, não haveria problema.
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Aqui ainda é Paraty Mirim; daqui, apenas de barco é possível chegar em Pouso da Cajaíba


O local é realmente vislumbrante. Depois de seguir de carro, por um caminho, de estrada de terra, a partir de Paraty Mirim, você chega numa prainha (primeira foto). Daí, o acesso a Martim de Sá pode ser feito apenas de barco a partir de outra praia que também só se consegue chegar via barco: Pouso da Cajaíba. Desta praia, ou você pega uma trilha de mais ou menos uma hora e meia, ou encara algum barco local, que te levará até a Reserva Ecológica de Martim de Sá.

o percurso da primeira prainha até Pouso da Cajaíba é bem tranquilo

Recomendo a trilha, muito bem demarcada e, embora tenha longo trecho de subida, é recompensante quando você alcança a mata fechada e as derradeiras curvas que levam à Martim de Sá. Depois de algum perrengue, a sensação da chegada, transcende.
O barco te poupa energias, porém o mar aberto causa forte enjôo e tontura (nós fizemos o caminho da volta de barco). Além do mais, a trilha é de graça, ao passo que, com os barqueiros, gasta-se cerca de 20 a 30 reais, por pessoa.

Em Martim, o indispensável são lanternas e velas, pois a Reserva não tem energia elétrica (o que só reforça seu caráter de paraíso) e nem vende bebida alcóolica. Aos que torceram o nariz, digo que o contato com o mar não poderia ser pleno, com o efeito alcóolico. A bebida traria uma falsa impressão.

Há ainda algumas trilhas que podem ser feitas a partir da Reserva. Uma delas, leva ao "Poção", um complexo de águas, uma cachoeira e uma piscina natural fresquinha.

Foi nos arredores da Reserva que senti o mar na pele, sem o contato com a água. Pois, as águas abertas impressionam visualmente, o impacto dos olhos é o primeiro e mais óbvio. Ficar só nele, contudo, significa explorar nem 30% da natureza. Veja, esses são os primeiros raios solares de 2009:



Fechar os olhos e sentir o mar, com os ouvidos e com o tato, é sobrenatural. Mas não dá pra conseguir isso em qualquer lugar, uma praia lotada de turistas, de guardas-sol, reverte em perca de atenção, por isso, Martim de Sá merece um cuidado e respeito a sua condição de reserva ecológica, que muitas vezes é posta em segundo plano.





E para quem imaginou que passar um reveion em uma praia como essa, por exemplo, significa alto orçamento, está enganado. A viagem e estada de cinco dias em Martim de Sá (a partir de SP), com refeição e algum outro gasto incluso saiu em torno de 350,00 reais.


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Esse post é relativo ao dia mundial dos oceanos, dia 8 de junho, data criada no Eco-92, no RJ, mas oficializada pela ONU apenas este ano. A postagem coletiva foi idealizada pelo Faça a sua parte, a quem agradeço pela ótima idéia.

4 comentários:

Mari Amorim disse...

Oi Gabriel,
A D O R E I !!!
obrigada querido pela visita,espero o mais vezes.
gostei tanto que vou seguir teu blog.
Boas energias
Mari

Unknown disse...

Martim de Sà è realmente incrìvel, um dos lugares que mais perto me senti da natureza plena e originària. E lugares como esse sò se mantêm assim com uma grande conscientizacao - vale a pena lembrar a feliz utilizaçao de sabonete biodegradàvel por aqueles que encararam um banho "de bica" na virada do ano.

E tudo isso pode ir por àgua abaixo por culpa de um jornalista irresponsàvel. È sempre a mesma lògica do "vender mais" em detrimento da ètica, do bem-estar-social, do meio-ambiente...

È uma pena. Sò nos resta torcer que Martim de Sà nao se torne Copacabana em alguns anos.

Amèm.

Anônimo disse...

Uau!! Toda a costa verde é linda!! E escolheu um lugar maravilhoso para apresentar! Já andei bastante pelas praias de Itanema, calhau, da Toca, Itaoca, Grande e Deserta no lado esquerdo e avistando as de Ponta de Juatinga e Martim de Sá no fundo. E de barco, o mais legal é ver os botos acompanhando e fazendo festa. Naquela região tem um dos mais antigos alambiques do Brasil e bem do ladinho uma cachoeira (cachoeira do Tobogã) - valem a visita.

* Eu pedi para o Marcos Pontes escrever sobre a MP 458 - leu? fica a dica: http://simpatiaeesculacho.blogspot.com/2009/06/mp-458.html

Beijus

Andressa Borzilo disse...

Bela Martim de Sá.
Um lugar incrível. A escolha das palavras para descrever o ambiente foram muito boas.
Fico apenas temerosa em saber como esse paraíso estará daqui alguns anos.
O homem continua a ignorar a sua origem animal e a sua relação de dependência com o meio.
Nada explica ou descreve a sensação maravilhosa daquela água transparente e daquela brisa suave de Martim de Sá.