30/01/2009

Chegando a Cusco

Depois de chegar a Cusco exatamente as 6 de la manhana e passar um frio lazarento, uma quase mae veio nos salvar. Ja na rodoviaria ofereceu seu hostal familiar, pagou nosso taxi (pois ninguem tinha moeda local), nos serviu um cha de coca e hospedou os 4 brasileiros, a 12,5 soles por dia, uma bagatela.

A las ocho ja estavamos no ponto central turistico da cidade, a Plaza de armas. Em frente a ela ha uma cateral portentosa, enoreme, de arquitetura barroca, construida em 1537, logo apos a tomada de Cusco pelos espanhois. O seu interior e recheado de quadros, muitos revestido de ouro, de esculturas em madeiras, detalhadissimas, que parecem estar vivas.

Nos primeiros passos na catedral, uma tiazinha velha nos recebeu e veio falar de Sao sebastiao. Com uma habilidade veloz pregou um santinho pequeno em nossas roupas de frio. Pediu grana. Como ainda nao tinhamos trocado dinheiro, restava-nos poucas moedas de soles no bolso. Eu e o Kdu demos o que havia no bolso. Ao que a senhora olhou com desdem, embolsou nossas moedas e arrancou os santinhos de nos. Assim a catedral nos recebeu.

Depois, perto da 9 da manha, uma fanfarra la fora trouxe a imagem de Maria, anunciando que a missa estava prestes a comecar. Mas ainda nao sabiamos disso. Ao que as pessoas comecaram a sentar-se e o padre surgiu. Nao dava pra perder uma cerimonia religiosa num lugar como aquele, rezado em espanhol, e com um coro lindo atras de nos, numa acustica unica.

Nos acomodamos, ouvi as bencaos ainda extasiado, e estava viajando em varios momentos que o padre falava, e lembro dele dizer sobre orar em todos os momentos possiveis, que jesus fica feliz e tal. Tomamos o corpo de jesus. Uma rodela gorda, sem gosto, bem maior que em terras brasilis.

Abencoados, trocamos grana (1 real = 1.23 soles), comemos empanadas (tipo uma fogazza folhada) de presunto e queijo e fomos em busca do boleto turistico, um bilhete que nos daria entrada a varias ruinas e museus, danca folclorica e tal. Ao todo, 14 lugares, por 70 soles, preco de estudante. No Peru é muito fácil usar carteira de estudante, nao precisa nem ser a internacional. O Felipe, outro carioca, muito manero, comprou tudo com sua carteirinha da Estacio de Sa.

A tao marquetizada ruina de Macchu Picchu, porem, nao estava inclusa. Nao sabiamos ainda, mas estavamos no caminho certo. Pois ir a Macchu Picchu sem antes conhecer outras ruinas, outras estorias, ouvir a historia dessa civilizacao inteligentissima, que sabia lidar com a terra, com a agua em tempos tao remotos de maneira incrivel, saber como funcionou e o que ela significa para os peruanos, nao faria sentido nenhum. Quem vai direto a MP, o faz por puro marketing. Ver pedras, bicas, pedras e mais pedras, construcoes remotas e nao saber o que elas significam, è um golpe de mediocridade humana pura.

E quando finalmente chegamos independentemente (sem agencia) a Macchu Picchu tudo fez sentido. E pudemos observar a importancia

ruinas de Pisaq; umas das 3 que integram o vale sagrado dos Incas

27/01/2009

Olhando pro teto, da beliche, na cama de cima

Quando ficamos algum tempo fora de casa, convivendo e conhecendo pessoas que nao fazemos ideia do que fazem, da uma saudade absurda.
Ao que a gente segue procurando fazer coisas pra nos aproximas delas. Pro papa, mandei um email gigante, respondendo as suas saudades. E as minhas tambem. Mamae ganhou uma ligaçao carinhosa. A cobrar, porem.
E bom, agora toca Kings of Leon; nao è preciso dizer mais nada. Porque nao dà pra se dizer, ja que o que se sente, fica obscuro dentro de nos. Compartilhado-comentado as vezes, com um amigo e outro. E ele ouviu sobre saudades. Que sigo dizendo nessas teclas. E que provavelmente so irao embora quando o tal dia chegar.
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nao tem acento nenhum aqui. e essa merda nao quer pular linhas. pelo menos a hora e baratissima.

22/01/2009

Cusco, ontem

Um menino de uns 7 anos vem oferecer balinhas e outros. Isso é bastante comum aqui. Dez e pouco da noite.

- De onde sao?

Do Brasil, chico.

- Brasil?
- Capital, brasília; presidente: Lula. Lula é operário e tem nove dedos.

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As baladas de Cusco, a capital do império Inca, sao disputadassas. Mas quem disputa aqui sao os donos das baladas. A cada novo grupo de estrangeiros que aparece na regiao das casas noturnas é um rebolico enorme. Ainda mais quando o grupo é de minas e loiras alvas.
Os caras (ou minas) saem correndo literalmente e se colocam do lado das pessoas oferecendo bebidas de graca e passagem free. Fica um de cada lado, uma zona. Isso quando nao agarram as pessoas. Aí eles te levam e te colocam dentro da balada com um papel que vale um drink.

Conosco foi assim ontem. E pulamos de balada em balada para, além de conhecer cada uma, beber na faixa. Mas os drinks sao leves, tipo suco com vodka ou sprite e bem fracos. E vc só fica na balada o tempo de os sopos secarem.

Tanto que nenhuma nos consquistou, achamos um som ao vivo, rock n roll, vocal feminino, batera avassalador, com bigode enorme. Nos fomos depois do bis. E nao ganhamos drinks, mas também nao pagamos pra entrar.

Agora vamos conhecer um lugar que tem aiwasca e yoga e soft music. e o restante que esqueci. vai saber.

tchau.
bejo pro tommy.

17/01/2009

Diário de bordo: tren de la muerte a La Paz

Acordamos bem cedo e sem despertador, que estava programado para as 9 da manha. O calor e a claridade nos despertaram. Enchemos o cantil, voltamos para o quarto e fomos passear. Compramos pìlulas que combatem os efeitos da altitude (dor de cabeca, enjoo, etc, que chamam de "soroche") a 2 bolivianos cada.


o nosso quarto em Quijarro, abafadíssimo; Por trás da tela anti insetos, o Kdu. Tivemos uma noite bem tranquila

Depois da postagem anterior encontramos um tiozinho com uma maquina manual, de fazer raspadinha. Sem leite condensado, uma delicia, a 2 bolivianos. Logo em seguida conhecemos 3 brasileiros que estao conosco ate agora: um mineiro, o Lucas, o Mineiro, a Talita, paulista e um carioca, o Rodolfo, o Carioca. Almoçamos e combinamos o encontro na estaçao ferroviaria. Nao os encontramos, pero eles estavam no vagao da frente. Fomos apresentados a outros 3 paulistas, os "los hermanos", Carlos e Vinicius e o Paulo, que tambem estao conosco.

O tren de la muerte

Quase tudo que se fala deste trem nao é verdade. Mesmo viajando na segunda "pior" classe. Nao há malandros, nao ha praticamente com o que se preocupar. Pelo gogó dos outros compramos ate cadeados pra viagem. Desnecessarios, contudo.
Os assentos nao sao confortaveis, mas inclinam para tras o suficiente. É de bouassa. E com los nuevos amigos brasilenos passamos vencemos essa viagem tranquilo demais. Talvez por esperarmos realmente o pior.


O trem faz paradas em varias estaçoes. Em duas, ele permanece durante mais tempo para as pessoas comerem. Ao lado dessas estaçoes ha varias barraquinhas, vendendo comidas, principalmente carne assada, em espetos, frango frito, ou assado, arroz, batatas, pratos com ovo, o "majadito", que tem carne, salada e ovo, além das bebidas, coca, suquinhos naturais de limao e abacaxi, feitos com agua nao se sabe de onde, e agua mineral. Tudo muito provinciano.

estacao de Roboré, onde mandamos um "majadito"

E durante toda a viagem jovens e crianças, principalmente, algumas bem pequenas, passam a todo momento vendendo um montao de coisas, sempre para comer, empanadas, pratos, agua, sucos, pamonha, geladinho...

Provamos uma limonada de procedencia duvidosa (só descobrimos isso mais tarde com uma boliviana muito legal que conhecemos e que vive no Brasil, juntamente com suas duas sobrinhas muito bacanas, Karen e Jocely que estao cursando faculdade e me falaram bastante sobre a situacao politica da Bolivia - prestes a passar por um plebiscito para aprovar uma nova constituicao, em 25 de janeiro), pois a agua era relativamente "cara", 5 bolivianos (para os poucos bolivianos que tinhamos) e os sucos que vinham em embalagens de plástico da coca e de outros refris da coca, a 2 bolivianos. E depois outra limonada e outro suco desses, em garrafinhas, de pinha, ou abacaxi.

Depois comemos um espeto, com carde de boi, vendido por um menino de uns 15 anos, que passou com uma bandeja na nossa frente. 5 bolivianos. Despues, um geladinho amarelo, muito ruim, que fez uma meleca. E seguimos hablando com pessoas ao redor, um senhor que falava bem

No vilarejo a beira da estaçao de Roboré, descemos. Havia muita comida, muita gente, muita fumaça dos assados, muito tudo. Aliás, em cada parada, sempre muita gente vendendo as coisas.


Santa Cruz de la Sierra - 17/01.
Depois de varias horas de tren de la muerte chegamos perto das 8 e meia da manha em Sta Cruz. O tren nao quebrou, descarrilhou, nada. Parece que chegou ate antes do previsto.
Eu e o Kdu fizemos cambio para moeda local, ¿eramos os unicos com reais?, compramos passagem para La Paz em onibus leito para as 17h do mesmo dia. Pagamos 170 bolivianos.

Guardamos nossas bagagens na rodoviçaria (que tambem e a estacao de trem) a 3 bolivianos e, em seguida, tomei uma ducha fria a 3 bolivianos e fomos almocar em Sta Cruz de La Sierra, num mercadao que tem de tudo, principalmente roupas, tenis etc e no ultimo andar, o terceiro, o "comedor". Chama-se Mercado de Loz Pozos.
A 10 bolivianos (cerca de 3.40 reais) almocamos um "majadito" original, prato bem tipico boliviano, arroz amarelo com carne seca no meio, ovo frito, pouco tomate, cebola e uma banana frita que dispensamos, alem do feijao, meio frio, estranho. Mas estava gostoso e pesou bastante no estomago. Alias, as comidas aqui pesam bastante, nao sei se eh o tempero, ou, no caso de La Paz, a altitude.

Depois, o grupo de 8 brasileiros encherem a barriga, fomos passear pela cidade. Eu e o Kdu procuramos um estudio de tatto e andamos pelas ruas de Sta Cruz. Trombamos com movimentos fazendo passeatas. O "no", sao as pessoas que sao contra a constituiçao que o Evo quer implantar.
Os outros foram beber num pub irlandes. Nos encontramos na rodoviaria novamente, pagamos a taxa de embarque e entramos no busao rumo a cidade mais alta da Am. do Sul. Sao quase 4 mil metros acima do nivel do mar.

O kdu foi tentar falar com um boliviano para trocarmos de lugar, afim de permanecermos, o grupo todo, juntos. Mas o cara nao quis. Desencanamos. A viagem comecou. Depois de algumas horas, muita subida, com varios trechos de ruas com pedra, tipo em Quijarro, chuva fina e o veiculo bem lento. Dormimos. Antes, tomei uma capsula de soroche, nao queria passar mal de jeito nenhum com a altitude. Sete horas depois tomei outro.

cobertinhas macias no busao

Quando comecou a amachecer fez um frio tremendo, mas havia cobertas quetinhas disponibilizadas pela cia. Ja perto de La Paz o frio ficou muito forte, eu ate "roubei" a coberta da peruana que estava atras de nos e ja havia descido.

Enfim chegamos, entre 8 e nove horas da manha, foram 15 horas de viagem, sem paradas. Aqui, ou nao se tem o habito de parar em postos na rodovia, ou estes nao existem.
Vesti as roupas de frio que estavam na mochila de bordo comigo no busao, antes de descer e pegar a bagagem. Nos reunimos para decidir o que fazer, pegamos dois taxis, a 10 bolivianos e seguimos para procurar lugar para nos hospedar. Já era sábado, 18/1. Em La Paz conhecemos Tihuanaco, e pegamos a primeira balada da trip...

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Conforme vai dando irei postando mais fotos aqui mesmo neste post, dos outros lugares.

15/01/2009

Diário de bordo: De Corumbá à Puerto Quijaro

Já na estrada rumo ao Peru, de Bauru, eu e o Kdu seguimos até Presidente Prudente, onde o ônibus fez uma escala e conhecemoso Glu Glub, já meio velho, meio bêbado. Misto quente a 3,50.
De lá passamos por Campo Grande, capital do MS e chegamos a Corumbá, a cidade brasileira pertinho da fronteira com a Bolívia.
Depois de conseguirmos a CIV, carteira internacional de vacinaçao, almoçamos pela última vez em terras brasileiras, a 13 reais. Fritas e frango a milanesa, salada, sem feijao. De lá, nos guiamos até uma praça onde pegamos a circular, "fronteira". Na fronteira, do lado brasileiro, um funcionário da receita Federal com farda de polícia nos deu uma info errada de que o visto só poderia ser arranjado na rodoviária de Corumbá, donde tínhamos vindo há 2 horas. Mas um taxista nos informou corretamente para irmos até "aquela casa vermelha" lá do outro lado.
Atravessamos uma pontezinha e enxergamos a tal casa. Era o escritório boliviano da fronteira, uma salinha de tipo 2 cômodos, bem tosca, 2 funcionários e um policial. Uma mesinha de madeira e apenas um pc. Foi só preencher uma ficha dizendo intençoes e dados pessoais para adentrar o país. Tranquilo demais.
Escapamos de uns cambiários e taxistas e tomamos uma "Andes" (cerveza artentina) meio quente e a 2 reais fomos de taxi até a Estaçao Ferroviária de Puerto Quijaro. Compramos os bilhetes para Santa Cruz de la Sierra para o tren de la muerte, a 18 dólares cada, para o dia seguinte, hoje 15 de enero ao meio dia (15h em Brasília). Pegamos a segunda pior categoria. Nao para economizar, mas porque até sábado nao se tinha outra opçao. dizem que esse tren quebra, demora, descarrilha. Se tudo corre bem, ele demora pouco mais de 20 horas pra chegar a Santa Cruz. Uma hora a gente chega.
Em Quijaro, nos alojamos no Hotel Colonial, depois de passar por três "alojamentos" (sao casas que abrigam viajantes, com vários quartos pequenos e ventiladores). Pagamos 30 bolivianos (cerca de dez reais) a diária. A descarga nao funcionava direito, mas em termos de quarto foi o melhor visitado, com tres camas grandes, 2 de casal.
Aqui em Puerto Quijaro (3, 4 Km da fronteira) as ruas esbanjam poeira, pois nao se tem asfaltamento. É um calor que nao dá pra explicar. A agua fica quente em questao de minutos e a sensacao térmica durante o dia é de mais de 40 graus fácil. É uma vila bem pequena e pobre. O comércio funciona nos 3 períodos do dia.
Antes de tentar dormir tomamos uma Paceña a 12 bolivianos (4 reales) e uma hamburguesa a 10 bolivianos, cada. Hamburguer bem parecido com os do Brasil, diferentes dos vendidos na Argentina. Melhores.
Hoje o presidente Lula estará aqui nos arredores da fronteira, onde se encontrará com Evo para discutir assuntos de exploraçao mineral. Por isso a cidade estava ontem agitada. Houve carreata, com carros exibindo cartazes de Evo nos capôs e portas, além de um carro de som com um quadro do Che e outro de Evo e uma camarada discursando. buzinasso.
Aliás, é comum taxis e carros trafegam com tais cartazes, com a figura de Evo e as cores bolivianas. Ele é MUITO querido acá.
Logo embarcamos no tren de la muerte, na classe pullman, a segunda pior. Amanha Santa Cruz, depois La Paz. Deus nos abençoe. Amém.

12/01/2009

Propina Argentina

No único post que fiz comentando a viagem para a Argentina (28/12) falei da propina que nos foi cobrada por guardas rodoviários em rodovias federais daquele país. Vamos ao caso.

Viajávamos a algumas horas no Sucatão quando fomos paradas pelas autoridades federais fardadas da Argentina. Até aí, tudo suave. Começou a demorar. Muito. Com o calor enorme e o ônibus completamente abafado, as pessoas fizeram menção de descer a fim de se refrescarem. Não rolou.

Mas enfim o motorista volta com notícias. Até esse ponto, ninguém sabia o que estava acontecendo. E a bomba:

- É o seguinte, eles não querem liberar no nosso ônibus. Estão exigindo 400 pesos (cerca de 300 reais) para a liberação. Mas eu só tenho 40 pesos.

Ou seja. Para bom entendedor. O ônibus precisava juntar os 400 pesos. Caso contrário o veículo ficaria detido, e os passageiros desabrigados na rodovia.

Alguns quiseram saber qual o motivo de o ônibus precisar ser retido. "Eles inventam qualquer coisa só pra cobrar a propina", explicou o motorista. Deram a (boa) idéia de acionar a embaixada. Mas rapidamente, no meio da discussão, o pessoal começou a juntar a grana, pra ver quanto dava, juntando tudo que (não) tínhamos. Todos haviam gastado tudo, deixado para torrar o que sobrara, na última feira que conheceríamos (feira de San Telmo, tradicionalíssima, que ocorre todos os domingos, no bairro que leva o mesmo nome, bem pertinho de onde nos instalamos), levavam pouco dinheiro. E na verdade era talvez o melhor a fazer, cada um daria quanto pudesse para podermos chegar o mais rápido possível ao nosso País. Era o desejo geral.

Tesoureiro
Como eu estava em pé, começaram a me dar notas e moedas. Confuso, fui juntando e organizando as notas. A Gabriela (acho) (que bateu essas fotos) contou as moedas e mais alguém nos ajudou. Não me recordo agora quanto conseguimos, mas perto dos 250 pesos. Até real tinha no meio. Era como se disséssemos, "toma todo o nosso dinheiro seus porcos filhas da puta".
tudo que arrecadamos, até uma nota de um real tinha

Em caixa.
Contamos tudo e recontamos. Estávamos prestes a entregar o montante, assim que o motorista retornasse. Mas. Para surpresa de todos, o ônibus ligou. E o motorista entrou, disse que os policiais o haviam liberado, pelos únicos 40 pesos que a sua carteira abrigava. Agora, com o ônibus em movimento, o motorista estava no centro, como se fosse o programa Roda Viva. E um grupo de estudantes-jornalistas perguntando. Eu filmava. A Frávia também. Mas o vídeo está em algum lugar no Paraná, ou no pc do Rodolfo Brandão. Tomara. Digam "amém" agora.

Vamos beber esse dinheiro
Depois, redistribuímos o dinheiro de cada, e chingamos os policiais de mierda. Ficamos com a impressão de eles serem ainda mais corruptos que os nossos policiais. Mas pode ser preconceito, impressão equivocada. Fato é que eles abusam dos estrangeiros, sobretudo brasileiros, garantiu-me um dos motoristas, o que negociara com o policial. Disse que isso é bem comum, pois ele faz a viagem há mais de 4 anos. "É uma viagem que ninguém quer fazer, porque às vezes vc toma um prejuízo enorme. Já perdi ônibus que eles apreenderam pois não tinha o montante pedido".

Após a quase-propina, a viagem seguiu quase-tranquila, porque ainda teve um pneu furado. E logo entramos em terras brasilis. Deu uma sensação muito boa, de acolhimento, segurança, de que aquilo que havíamos passado certamente não aconteceria por aqui. Era bom demais estar de volta.

Na primeira parada num posto em Foz do Iguaçu, um colega que estava no outro ônibus contou que o veículo deles não escapou. "Juntamos uma grana, tipo 350 pesos pra dar aos guardas. Por isso saímos bem antes de vcs".

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Na estrada.
E é bom partir também. Hoje embarco até Corumbá-MS, perto da fronteira com a Bolívia, de onde eu e o Kdu viajaremos rumo ao Peru. Será a realização de dois sonhos: fazer um mochilão por terra conhecendo vários lugares e viajar no trem da morte.

*Se o Estado não tivessem sucateado as ferrovias brasileiras, a viagem de Bauru a Corumbá e outras cidades poderia ser feito completamente de trem. Mas as ferrovias e os trens de passageiros da cidade e da região foram sucateados e estão desativados desde o fim dos anos 90. É uma perda de dinheiro público, e uma alternativa "limpa" que perdemos, literalmente. Traduzem isso como responsabilidade, entre outros, da máfia do asfalto, que teria "incentivado" tal sucateamento. Agora, tudo que temos (pelo menos em Bauru), além de apenas trens de carga é um museu. Meus parabéns aos responsáveis.

10/01/2009

Uma estória em Campinas

É mais ou menos como o depoimento que escrevi pro Mel. O baixista da Ranca Bilis e que participou da produção do curta, Cartas a um Irmão.

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Lá em Campinas, 28,3 graus, 9 da noite. avenida qualquer coisa. turnê internacional. alguns malucos param o carro numa esquina. no porta-malas, instrumentos. precisavam de informação:

- oi, por favor, a ranca bilis vai tocar! onde é o bar?

o sujeito fez cara de quem se assusta. pareceu se recolher. olhou pro outro lado, disse qualquer coisa. sem respostas.
o carro partiu. antes, todos gargalharam gostoso. era só o começo.

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Acho que vou desencanar da homenagem do post anterior. Tá fóda.