18/07/2009

Curta metragem "O Cheiro"

No segundo semestre de 2007 em Bauru, junto com a Bruna Ferrari, Paula Pulga, Gabriela Virdes e a Flávia Oliveira - produzi um documentário que tratava a questão setor imobiliário X Floresta Água Comprida. A questão ganhou, inclusive, uma campanha permanente da ONG Vidágua e do Amigos da Terra BR. Foi com este doc que descobri o vídeo.

Mas desde então só voltei a filmar este ano, primeiro com a ideia de um doc sobre as mazelas da Telefônica e o setor de telefonia em geral.

A segunda empreitada aconteceu nas últimas duas semanas quando demos início às filmagens do curta-metragam "O Cheiro". O filme nasceu deste pequeno conto, "o cheiro da vulva", segunda publicação deste blog. Escrevi um roteiro e enviei, entre outros, para um amigão de Campinas que gosta demais de cinema, o Ângelo Selingardi (o Shun ou Coca, para os mais chegados). Ele me respondeu, "cara, seu filme está sem sentido, as coisas não se ligam, eu faria diferente". Na primeira descrição que o Ângelo fez de uma das cenas, foi o suficiente para eu sacar que ele era um profissional do ramo...

Resumindo, misturei as várias ideias do Ângelo com as minhas poucas e redigi um novo roteiro. Passei o novo roteiro adiante e ele ganhou contribuições significativas, como uma da Marina Paschoalli. Além disso, ganhei a adesão e a empolgação da Flávia Oliveira, que abraçou a causa como se fosse dela e filmou praticamente 90% das tomadas do filme. Sem falar dos seus toques artísticos, essenciais para a estética desejada.

João Lucas, durante as filmagens na república Panco, pagando de cozinheiro, de avental e tudo

Assim, com uma equipe extremamente enxuta, eu, a Flávia e os dois atores João Lucas Folcato e Priza Sayuri (e grande elenco), em quatro nos viramos como pudemos para realizar o filme. Algumas pessoas chegaram a dizer que ajudariam, mas na hora "H" desapareceram. Contudo, vencido o último obstáculo (a câmera), começamos a gravar num meio de tarde da terça-feira, dia 07/07, na república Panco, em Bauru.

Conseguimos também apoio de duas locações, o Armazen Bar e o Crepe Diem, que agradeço desde agora.

Sobre a estória do curta (que não se liga em quase nada com o micro-conto que o inspirou)
O filme acontece em dois planos, um real cujo personagem principal está em uma cozinha, preparando uma carne para o seu almoço. O segundo plano, imaginário, acontece dentro da cabeça do personagem, enquanto ele cozinha, e se passa em um bar, um restaurante e um quarto. A partir de um conflito que acontece inicialmente no bar, com uma garota, a estória se desenrola, sempre alternando os dois planos.

A estética do filme, ideia do Ângelo, foi a de prestigiar planos detalhes, em linguagem técnica, significa que filmamos os personagens e suas ações bem de perto, preferindo partes de seus corpos para compor e ligar as ideias, a mensagem desejada em cada cena. Acho que este elemento é o mais legal do filme.

Temos alguns vídeos tipo "making of" para quem ficou curioso. Segue abaixo.



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Este mostra a Flávia fazendo uma tomada por de trás dos pratos; o resultado ficou bem legal.






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Postando com um pouco de pressa, agradeço o interesse das pessoas que apoiaram e conversaram diretamente comigo e principalmente dos atores, cuja dedicação me surpreendeu. Assim como em relação ao doc da Telefônica, trarei outras notícias a respeito de "O Cheiro".
Obrigado!

10/07/2009

E você, já pegou no portão seus panfletos de hoje?

Panfletos jogados na rua refletem o período de campanhas eleitorais

Prezado leitor, o que é que a gente pode fazer com esse amontoado de panfletos que chegam às nossas “casas”? Já repararam que em datas comemorativas e feriados, eles aumentam?

Será que é possível comunicar as grandes redes, lojas, ou os grandes supermercados que alguns de nós não queremos seus panfletos, ou os “livrinhos” de ofertas? Parto da premissa de que não é agradável receber o que não foi solicitado.

Veja, não é “revolta”, a causa é nobre. Imagino que grande parte dos panfletos não chega às mãos dos munícipes, foi o que constatei observando o assunto (e os papéis jogados) durante um tempo, no bairro onde moro. Na sexta, 10/7, contei 17 panfletos descartados em apenas uma quadra, alguns já bem velhos, outros, de empresas diferentes, amontoados. Alguns deles estavam pertinho do bueiro do esgoto...

A intenção é tentar encontrar um meio termo, pois, de um lado, os panfletos ajudam o consumidor a adquirir produtos mais baratos, mas, estes papéis (que um dia foram árvores) não devem se transformar em sujeira urbana. As ruas, os canteiros da cidade já são sujos em demasia, com todo o respeito a quem trabalha no setor; não é culpa destes trabalhadores, mas da população que, no geral, não possui bons hábitos por onde caminha.

Seguindo o raciocínio, talvez o mais correto por parte de quem contrata estes serviços de distribuição ou de quem o executa e espalha várias mil unidades pela cidade, seria fazer uma espécie de supervisão das ruas, ou mesmo respeitar quem não deseja receber os panfletos, porque, do jeito como está, o processo possivelmente mais polui do que “informa”. É muito simples, empregatício até, entregar panfletos nas casas, sem qualquer responsabilidade para com o destino final.

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Procurando fotos na web, encontrei o blog Poluição Eleitoral, de onde a foto desta postagem foi emprestada; o Poluição Eleitoral realiza um trabalho muito interessante, cliquem.

Este texto foi enviado também para o Jornal da Cidade, jornal local de Bauru, cidade que o motivou, por isso tive que, com a ajuda da Flávia Oliveira (a De2, para os mais chegados), elaborar um tom menos "crítico" em relação ao texto original.

01/07/2009

Amadorismo, polícia, chuva e ameaças

No início semana passada, a Anatel proibiu a Telefônica de comercializar o "speedy", pois a empresa não está conseguindo manter o serviço com qualidade, além de apresentar falhas e aumento considerado de reclamações dos usuários.

Pesquisando na internet, observei muitos relatos de falta de cuidado e desatenção com os usuários, além de vários problemas e processos não resolvidos, sem falar de um abuso e outro, como a cobrança ilegal de uma multa de recisão de contrato que, no caso de serviço de banda larga, não existe - garantiu-me um funcionário da Anatel.


Como a empresa também parecia me ignorar ou, me tratar com descaso em várias tentativas de relatar/solucionar equívocos claros da minha conta telefônica de Bauru, na sexta-feira (26-06), convidei o amigo Luccas Barrossa (o Egg, pra quem for mais chegado) para gravar uma espécie de mini-documentário sobre a Telefônica/Telefonia no País. Passamos boa parte da tarde daquela sexta que ameaçava chover, em frente à sede da empresa em Bauru, o antigo prédio da Telesp, colhendo depoimentos de clientes, cujo relato trago agora.


I Etapa: amadorismo, polícia, chuva e ameaças

Não demorou nem dez minutos para aparecer alguém com histórico de problemas, sem conseguir uma resolução rápida. A dona Sônia de Almeida, inclusive, tinha ido à empresa no dia anterior (25-06), onde cronometrou um tempo de espera de uma hora e meia. Sem obter uma solução, ela retornou com o marido e o neto (?) na sexta e esperou mais uma hora e quarenta minutos para ser atendida: "bom, agora disseram que vai resolver, temos que esperar, pelo menos aqui [na unidade física da empresa] o atendimento é melhor, porque o call center deles não dá", disse na saída do atendimento. Segundo a dona Sônia, o problema de sua conta é cobrança indevida, valores "completamente equivocados", narra.

Enquanto aguardávamos por mais pessoas, o Luccas resolveu pegar um take do comunicado da Anatel, colado no vidro da empresa, sobre a proibição da venda de speedy. Foi o que mais tarde descobriríamos, motivou um funcionário a chamar a polícia.

PM gente boa: O que os senhores estão fazendo aqui mesmo?
- Olha, nada de mais. Estamos colhendo alguns depoimentos de clientes desta empresa para um documentário.
PM do mal: vocês são estudantes?
- Não, eu sou jornalista e o Luccas estuda Rádio e TV aqui em Bauru.

Conversa vai conversa vem, dúvidas nossas, inquéritos deles...

PM gente boa: veja, vcs não estão cometendo nenhum tipo de crime aqui. O que acontece é que aparecem duas pessoas com uma câmera, filmando a empresa, conversando e filmando os clientes da empresa, eles chamaram o 190. E o que nos foi passado é o seguinte: vcs não podem filmar a agência, mas na rua pode, então por favor.

Na sequência, surgiu uma funcionária dizendo que devíamos ter pedido autorização, ter ao menos conversado com a empresa (amadorismo), que estávamos filmando dentro da Telefônica, que isso era ilegal etc etc; fato que foi desmentido para os policiais: as cenas gravadas, mostraram que não havia nada de mais. Então, todos voltaram a seus postos.

Mas, não deu tempo de nos acomodarmos, a PM que havia estacionado a viatura em frente ao prédio da empresa, ficou ali mais uns 10 minutos. Foi ela sair e a funcionária chegar novamente.

Funcionária: De onde vcs são, pretendem publicar isso?
- Ahan.
F: E de onde vcs são mesmo?
- Não somos de nenhuma empresa, é uma iniciativa pessoal, vamos produzir de maneira independente.
F: Bom, a minha supervisora, que não está, mandou eu dar o recado para vcs. Ela disse que é proibido publicar qualquer material sem autorização da empresa. Se for publicado, há multa e vcs vão ter muita dor de cabeça, é sério.

Embora um tisquinho preocupados, continuamos firmes o nosso trabalho, afinal estamos lidando com um time tricampeão: a Telefônica, pelo terceiro ano conscutivo, é a vencedora em reclamações no Procon. Porém, tivemos o cuidado de, com o alerta da segurança pública municipal, gravar a 2 metros de onde estávamos antes.

Mais 3 pessoas deram depoimento. A última foi uma senhora de 74 anos, vigorosa e elegante, "motorista das boas", garantiu-me, reclamava do absurdo que era passar "carão" em tentativas frustradas de fazer compras, pois seu nome constava no SPC, sem que ela tivesse a devida notificação da Telefônica. Debaixo de uma chuva fina, extrapolando as seis horas da tarde, a professora aposentada Jarde Alves Bueno relatou com a maior disposição, se indignou com o "descaso de uma empresa desse porte dar trabalho para uma senhora, ficar dirigindo para lá e para cá, sem resolver nada.." e nos desejou boa sorte.

Obrigado senhora Jarde, nós até vamos precisar. Mas, talvez, a senhora precise mais.

A chuva fina pouco molhava, o dia já não tinha mais luz e nublava, fome. Tomamos o rumo de casa, com essa estória pra contar...
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Hoje (02-07) eu e o Luccas fomos ao Procon, realizar outra entrevista para este projeto. E foi impressionante a maneira como fomos recebidos, muito bem, as pessoas naquele lugar (poupa tempo) trabalham com extremo senso de ajudar o máximo que podem. Colaborou demais para o projeto. Para quem se interessou, continuarei relatando as etapas deste doc na sequência da vida.