03/03/2009

Tio Valter passou pra tomar uma água

O tio Valter nos anos 60 tentou editar um livro sobre desapego e viagens econômicas. Tinha até um título, "Viaje tranquilo, viaje sem grana". Claro que morreu no plano das ideias. Quem daria atenção para quem esbanja barba mal aparada, abundante, cabelos bagunçados e veste chinelos no shopping? Diziam que ele só sabia tecer artesanatos baratos e chulos desses que se vende à beira das praças.

Mais tarde, porém, tio Valter tentou uma jogada no ramo alimentício. Todo mundo precisa comer e comida certeza que dá dinheiro gente. Mas eram muitos e variados impostos e ele acabou... Continuou firme, contudo.

Acabou discolando um trampo de moto, mas ele odiava a moto e o trampo e os caras e. Mais a moto. E, de trás de seus óculos de John Lennon resolveu abster: voltou às beiras, aos artesanatos chulos e baratos é a sua mãe seu filho da puta, e as viagens pra todo canto. Nem pensar em publicar nada. Que dá dinheiro em publicação hoje mesmo é auto ajuda (tem hífen senhores da língua?). E auto ajuda, vá se ferrar, estamos falando de literatura. De Machado e do outro Machado, o Alcântara. E o tio, nessas conversas internas da mente nunca esteve tão bem se é que me recordo. Ainda assim às vezes, passa em casa pra dar umas facadas em alguém. Mas a gente nem liga, hoje ele está feliz. E a gente aqui tem orgasmo de ajudar como pode quem quer que seja.

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A Silvia me disse agorinha que vai participar da blogagem coletiva. E a ideia dela é ótima. Contamos contigo Silvia!

Um comentário:

Mateus do Amaral disse...

Tio Válter é um cara raro. Apesar disso, eu também tenho um tio parecido, que também se chama Válter. Quando ele conhecer o Barbudinho, vai imaginar que existem muito mais caras raros por aí do que ele imagina.