17/01/2009

Diário de bordo: tren de la muerte a La Paz

Acordamos bem cedo e sem despertador, que estava programado para as 9 da manha. O calor e a claridade nos despertaram. Enchemos o cantil, voltamos para o quarto e fomos passear. Compramos pìlulas que combatem os efeitos da altitude (dor de cabeca, enjoo, etc, que chamam de "soroche") a 2 bolivianos cada.


o nosso quarto em Quijarro, abafadíssimo; Por trás da tela anti insetos, o Kdu. Tivemos uma noite bem tranquila

Depois da postagem anterior encontramos um tiozinho com uma maquina manual, de fazer raspadinha. Sem leite condensado, uma delicia, a 2 bolivianos. Logo em seguida conhecemos 3 brasileiros que estao conosco ate agora: um mineiro, o Lucas, o Mineiro, a Talita, paulista e um carioca, o Rodolfo, o Carioca. Almoçamos e combinamos o encontro na estaçao ferroviaria. Nao os encontramos, pero eles estavam no vagao da frente. Fomos apresentados a outros 3 paulistas, os "los hermanos", Carlos e Vinicius e o Paulo, que tambem estao conosco.

O tren de la muerte

Quase tudo que se fala deste trem nao é verdade. Mesmo viajando na segunda "pior" classe. Nao há malandros, nao ha praticamente com o que se preocupar. Pelo gogó dos outros compramos ate cadeados pra viagem. Desnecessarios, contudo.
Os assentos nao sao confortaveis, mas inclinam para tras o suficiente. É de bouassa. E com los nuevos amigos brasilenos passamos vencemos essa viagem tranquilo demais. Talvez por esperarmos realmente o pior.


O trem faz paradas em varias estaçoes. Em duas, ele permanece durante mais tempo para as pessoas comerem. Ao lado dessas estaçoes ha varias barraquinhas, vendendo comidas, principalmente carne assada, em espetos, frango frito, ou assado, arroz, batatas, pratos com ovo, o "majadito", que tem carne, salada e ovo, além das bebidas, coca, suquinhos naturais de limao e abacaxi, feitos com agua nao se sabe de onde, e agua mineral. Tudo muito provinciano.

estacao de Roboré, onde mandamos um "majadito"

E durante toda a viagem jovens e crianças, principalmente, algumas bem pequenas, passam a todo momento vendendo um montao de coisas, sempre para comer, empanadas, pratos, agua, sucos, pamonha, geladinho...

Provamos uma limonada de procedencia duvidosa (só descobrimos isso mais tarde com uma boliviana muito legal que conhecemos e que vive no Brasil, juntamente com suas duas sobrinhas muito bacanas, Karen e Jocely que estao cursando faculdade e me falaram bastante sobre a situacao politica da Bolivia - prestes a passar por um plebiscito para aprovar uma nova constituicao, em 25 de janeiro), pois a agua era relativamente "cara", 5 bolivianos (para os poucos bolivianos que tinhamos) e os sucos que vinham em embalagens de plástico da coca e de outros refris da coca, a 2 bolivianos. E depois outra limonada e outro suco desses, em garrafinhas, de pinha, ou abacaxi.

Depois comemos um espeto, com carde de boi, vendido por um menino de uns 15 anos, que passou com uma bandeja na nossa frente. 5 bolivianos. Despues, um geladinho amarelo, muito ruim, que fez uma meleca. E seguimos hablando com pessoas ao redor, um senhor que falava bem

No vilarejo a beira da estaçao de Roboré, descemos. Havia muita comida, muita gente, muita fumaça dos assados, muito tudo. Aliás, em cada parada, sempre muita gente vendendo as coisas.


Santa Cruz de la Sierra - 17/01.
Depois de varias horas de tren de la muerte chegamos perto das 8 e meia da manha em Sta Cruz. O tren nao quebrou, descarrilhou, nada. Parece que chegou ate antes do previsto.
Eu e o Kdu fizemos cambio para moeda local, ¿eramos os unicos com reais?, compramos passagem para La Paz em onibus leito para as 17h do mesmo dia. Pagamos 170 bolivianos.

Guardamos nossas bagagens na rodoviçaria (que tambem e a estacao de trem) a 3 bolivianos e, em seguida, tomei uma ducha fria a 3 bolivianos e fomos almocar em Sta Cruz de La Sierra, num mercadao que tem de tudo, principalmente roupas, tenis etc e no ultimo andar, o terceiro, o "comedor". Chama-se Mercado de Loz Pozos.
A 10 bolivianos (cerca de 3.40 reais) almocamos um "majadito" original, prato bem tipico boliviano, arroz amarelo com carne seca no meio, ovo frito, pouco tomate, cebola e uma banana frita que dispensamos, alem do feijao, meio frio, estranho. Mas estava gostoso e pesou bastante no estomago. Alias, as comidas aqui pesam bastante, nao sei se eh o tempero, ou, no caso de La Paz, a altitude.

Depois, o grupo de 8 brasileiros encherem a barriga, fomos passear pela cidade. Eu e o Kdu procuramos um estudio de tatto e andamos pelas ruas de Sta Cruz. Trombamos com movimentos fazendo passeatas. O "no", sao as pessoas que sao contra a constituiçao que o Evo quer implantar.
Os outros foram beber num pub irlandes. Nos encontramos na rodoviaria novamente, pagamos a taxa de embarque e entramos no busao rumo a cidade mais alta da Am. do Sul. Sao quase 4 mil metros acima do nivel do mar.

O kdu foi tentar falar com um boliviano para trocarmos de lugar, afim de permanecermos, o grupo todo, juntos. Mas o cara nao quis. Desencanamos. A viagem comecou. Depois de algumas horas, muita subida, com varios trechos de ruas com pedra, tipo em Quijarro, chuva fina e o veiculo bem lento. Dormimos. Antes, tomei uma capsula de soroche, nao queria passar mal de jeito nenhum com a altitude. Sete horas depois tomei outro.

cobertinhas macias no busao

Quando comecou a amachecer fez um frio tremendo, mas havia cobertas quetinhas disponibilizadas pela cia. Ja perto de La Paz o frio ficou muito forte, eu ate "roubei" a coberta da peruana que estava atras de nos e ja havia descido.

Enfim chegamos, entre 8 e nove horas da manha, foram 15 horas de viagem, sem paradas. Aqui, ou nao se tem o habito de parar em postos na rodovia, ou estes nao existem.
Vesti as roupas de frio que estavam na mochila de bordo comigo no busao, antes de descer e pegar a bagagem. Nos reunimos para decidir o que fazer, pegamos dois taxis, a 10 bolivianos e seguimos para procurar lugar para nos hospedar. Já era sábado, 18/1. Em La Paz conhecemos Tihuanaco, e pegamos a primeira balada da trip...

----
Conforme vai dando irei postando mais fotos aqui mesmo neste post, dos outros lugares.

2 comentários:

Unknown disse...

Pelo jeito rola bastante trabalho informal por aí msm hein gá. Olha essas fotos! E bem diferente essa Estação de Roboré, acho que nunca tinha visto algo parecido.

Legal que deu pra ouvir a opinião do pessoal daí sobre o referendo do Evo, depois vou querer saber, gá!

Falei dps com aquele amigo que foi pro Machu Pichu e ele disse a msm coisa sobre a viagem de trem. Que bom que foi tranquila. Ele comentou também das dores de cabeça, foda. Mas boa notícia, parece que a tendência é diminuir essa dor. Enquanto isso toma bastante remédio gá, cuida.

E agora, Peru?

Beijo grande querido

Anônimo disse...

Bem louco Ruiz a viagem.
Confesso que só dei uma leitura dinâmica e uma olhada rápida nas fotos por falta de tempo, mas te aguardo aqui em São Paulo quando você vier contar as bravatas.
Aproveito e te conto como foi no México Rebelde.

Abraço e manda ver!
Pingu