18/09/2008

O (mau) atendimento no hospital (privado)

Ir ao médico devia ser encarado como um aprendizado. Pode ser um momento para fazer perguntas sobre a doença, saber riscos, características, como a bactéria, o vírus atua no corpo, em quantos dias estará plenamente sadio etc, as perguntas são infinitas. Assim, ao fim da consulta, além de um reles receituário, o sujeito terá adquirido conhecimento sobre um assunto que possivelmente não lhe é nada familiar.

Dia desses meus olhos acordaram colados. É uma sensação esquisita, parece filme de ficção. Depois de “descolá-los”, fitei o espelho e notei que estavam completamente vermelhos, permanecendo assim durante todo o domingo (24-08). Alguns arriscaram alergia. Outros, palpitaram conjuntivite. Na mosca.

Não precisa ter sabedoria do assunto para prever que se trata de uma manifestação ocular contagiosa e, por isso, precisa-se de certos cuidados. Durante a consulta, porém, o médico mal respondeu às perguntas que lhe dirigi; fazia-o através de monossílabos. Quando pedi o atestado médico, ele disse não ser necessário. Estranhei. Meus dois amigos também. Um deles até sugeriu voltar e solicitar novamente. “Como assim não deu atestado?”.

Achamos por bem retornar ao hospital. O médico, porém, já havia voltado de onde antes viera, da UTI. Possivelmente, tinha pressa, o paciente talvez precisasse de cuidados sensíveis e uma simples conjuntivite desviara o seu foco de atenção.

A “culpa” nesse caso recai sobre o hospital (São Lucas, da Rua Rio Branco) que disponibilizou apenas um médico para atender, além das consultas da madrugada, a Unidade de Tratamento Intensivo.

Eu e, por coincidência, um conhecido, fomos atendidos, como em “atendimentos em série”, onde examina-se o paciente correndo (o médico sequer tocou nos meus olhos e não me fez mais do que 3 perguntas, mas calma, ele pode ser bom nisso) e já emite-se o laudo: uma receita de cura com grafia completamente ilegível. Por que não podemos ler o que está escrito ali? Minha mãe já me dizia pra perguntar sobre a receita. “Podem não entender”, antecipava.

Não deu outra. Na farmácia, amontoaram-se três farmacêuticos em torno do papel para tentar decifrar. Tentamos ligar no hospital, mas parece que o número impresso na receita estava incorreto. A única opção foi tornar no local. Lá outra vez, um dos enfermeiros nos ajudou.

Conversando, eles inclusive, ficaram perplexos ao saber que o “doutor” não emitira o atestado médico necessário. “Mas você pediu?” Claro!, respondi. “E o que ele disse?” Que não precisava, pra passar lá no dia seguinte, “apenas se piorasse”. Uma moça do atendimento aconselhou retornar no outro dia, que deixaria pronto pra mim, com o médico que viria no plantão seguinte. Logo, eu teria que gastar minhas energias e de novo me deslocar até o hospital...


Além do não atestado, o médico não mencionou os cuidados para se evitar a contaminação de outras pessoas (só falou o óbvio, usar toalhas individuais) e nem que há mais de um tipo de conjuntivite, como a alérgica (não contagiosa) e a infecciosa (viral ou bacteriana).

Na consulta, ele poderia ter discorrido rapidamente sobre as perguntas que fiz, dizendo que a conjuntivite é bastante comum, uma inflamação da conjuntiva e costuma não deixa seqüelas, enfim. Não se prega tanto o tal tratamento humanizado? Mas, como o médico era um cardiologista, o paciente, uma pessoa comum e a “doença” também comum... sobejou-me o relato de um atendimento pífio aqui nesta Tribuna, e uma reclamação por escrito depositada na urna do SAC do hospital.


----
PS. acabei de enviar este texto ao jornal.
PS2. Aos desinformados: Bauru sem tomate é misto.
PS3. Por que toda geração acredita piamente que "foi muito mais louca que a outra"?

PS4. O blogger é absurdamente ridículo para importar textos do Word.
PS5. E por isso, eu achei esse post uma merda.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ah, a geração anterior acredita que foi melhor, e eu queria que a minha juventude tivesse tanta emoção quanto a deles, então deve ter sido melhor mesmo. Ao mesmo tempo, não invejo a infância deles e tenho dó das pobres crianças que vieram depois de nós, não se viciaram em chaves, chapolin e pica-pau, não assistiram sessão desenho com uma vovó divertida ao invés de crianças ridículas, não assistiram X Tudo nem Agente G nem Mundo de Beakman, não brincam mais de escolinha, de casa da árvore, de bolo de terra, dançam o Créu ao invés de Jogo da Rima, assistem High School Musical ao invés de Caça Talentos, e ainda por cima conheceram uma Xuxa velha e Trapalhões decadentes com Jacaré ao invés de Mussum. E num tem jeito, "tem horas que a gente se pergunta pq é q não se junta tudo numa coisa só"... o Darcy Ribeiro disse que ninguém sabe como vai ser daqui a 30 anos, então ainda tem tempo da gente mudar os rumos... e eu acredito piamente nisso. Recriemos!
bjo

Mateus do Amaral disse...

Cara, num tinha lido isto aqui, não. Achei demais!