08/04/2008

Hino ao seio

Esticou-se no lençol amassado, dos braços aos dedinhos do pé. Chegou bem pertinho. Sentia as pontas dos dedos das mãos passe-a-rem-lhe a cabeça, como formiguinhas que correm de biquíni pelo quintal. Subiam até a cócoras e desciam à nuca, onde a palma se encontrava com a penugem das costas.

Chegou mais perto. Mais. Perto. Alçou vôo com o braço até alcançar o meio das costas. Comprimiu forte o seu peito até as montanhas dela. Tava quentinho e macio e aconchegante, e excitava. Então sentiu desejo de passar a língua.

Mas não pense o leitor que isso aqui vai virar uma putaria. Se a leitora gostar de sacanagem, que atravesse lá proutro lado da rua.

Então passou a língua. De novo. Perdeu as contas. Depois, enfiou a mão. Nos cabelos negros. Da nuca. Aproximou a cabeça dela e lascou-lhe um beijo úmido, onde os narizes se trombam, se enroscam e causam arrepios. Cheirou a bochecha lisa. Quis passar mais a língua. No pescoço. Lamber. Lambeu. Lembeu. Lambeu. Bebeu. Bebericou. E enfim descobriu porque havia mamado por mais tempo.

A TV acordou. Sozinha. Haviam programado-a para ligar, como um relógio-despertador. A madrugada passara, eles ali, nem perceberam. Na TV, a seleção estava prestes a iniciar a partida, a pátria vestiria as chuteiras e cantaria juntos:


Em teu seio, ó liberdade! Desafia o nosso peito a própria morte (...)

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& Raul - Meu amigo Pedro &

Essa canção me lembra o Diego - o Jimmi, o Sussinha - que sabia um repertório imenso de Raul no violão. Lá se vão aqui saudades nostálgicas dele numa das repúblicas mais humanas e acolhedouras de Bauru: a Bravata. Ele fazia muitas caricaturas em festas e também charges. E sempre nos acompanhava nos shots. Tive o imenso prazer de filmar, com outros comparsas bravatinos, o vídeo tosco "Super ping me", uma brincadeira com o documentário anti-Mc Donalds, "Super Size me". O Diego fez a melhor cena desse vídeo, a cena do drive trought.

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