26/06/2009

LOVE

Como ainda não fui dormir, vamos falar do dia 25. E, como na postagem anterior, falando em música, no dia 25/06 de 1967 (desculpem o monopólio) os Beatles participaram de uma transmissão na TV ao vivo, em escala mundial, para 26 países.


Por meio de um convite da BBC de Londres, direto do estúdio Abbey Road, os Beatles estavam diante do desafio de cantar algo que comunicasse em todas as línguas. Tinham em mãos a chance de tocar para um montão de gente, o que lhes desse na teia. Aterrissariam em milhares de telas via satélite, bastava escolher um tema, a ser expresso numa canção. Paul e Lennon compuseram algumas músicas e uma de Lennon foi eleita. Escolheram o amor. A música virou single e um dos principais temas do filme Yellow Submarine.

Aproveitando (mesmo) a brecha só pra dizer

vamos amar.
Vi-va o amor, gente.


23/06/2009

"Sem a música, a vida seria um erro." (Nietzsche)

Seguindo (**com muito atraso) a postagem "Solta o Som", em comemoração ao dia 21 de junho, dia mundial da música, comento discos ou músicas de bandas que mais tenho ouvido ultimamente, no computador, registradas pelo software do Last FM; e em casa, da coleção de CDs.

Entre os discos que mais suponho terem saído de suas capinhas para o suporte, um disc man bem antigo, desprovido da novidade anti-choque, plugado no canal "auxiliar" de um aparelho de som nada compacto, de quatro canais (rádio, auxiliar, toca vinil e fita), com caixas grandonas, bem comum nas casas das avós, estão mais nacionais do que "gringas":


-Texas Flood, do Steve Ray Vaughan
-Medeski, Martin e Wood, um trio de jazz moderno, instrumental. Uma das bandas de que -mais me empolgo para falar e o
-Tiger Milk (1996), da dupla Belle & Sebastian


Este último, encontrei garimpango bagatelas num hipermercado, por R$4,99. Ficou dias guardado, lacrado e quando o pus para tocar fiquei surpreso, canções leves, de melodias grudentas, com violões folks, metais simples e ambientações coloridas como a quinta faixa "eletronic renaissance". Baixe-o agora (senha: rcd).


"Não sei uma nota de música. Nem preciso." (Elvis Presley)

Os nacionais, sobretudo os discos que não tenho no pc, que ganham destaque no aparelho de som típico dos anos 90, devem ser:


-o primeiro (e apenas este disco) dos gaúchos Superguidis;
-os 3 discos, mas sobretudo o primeiro e segundo do Sun Walk and the dog brothers;
-Futura e o Afrociberdelia, da Nação Zumbi (17 no ranking do Last);
-E os álbuns do Pato Fu, Televisão de Cachorro e Toda Cura para todo mal (23 no Last);


"Depois do silêncio, aquilo que mais aproximadamente exprime o inexprimível é a música." (Aldous Huxley)

Já dos registros cravados no Last Fm, o campeão de execuções em geral (desde junho de 2007), são os Beatles, com quase 600 audições. O disco Sg. Pepper´s, que não é nem o segundo preferido (Abbey Road e White Album, respectivamente), aparece como o mais tocado do quarteto; enquanto o disco inaugural do Franz Ferdinand na categoria "álbuns mais tocados" é o vencedor. Na verdade, ouvi muito este disco tempos atrás, agora quase nunca.

A segunda banda mais ouvida é Spoon. Esta, descoberta em 2007, da qual me tornei fã de maneira automática após ouvir o ga ga ga ga ga, disco de 07 (minha presença no festival Terra do ano passado deveu-se 50% graças ao quarteto inglês) teve dois fatores de alta rotatividade no pc: uma resenha e a proximidade do festival, em 08.

"Eu nasci com a música dentro de mim. Ela me era tão necessária quanto a comida ou a água." (Ray Charles)
Entretanto, o que ainda não deu tempo do Last registrar são discos bem rodados aqui nos últimos dois meses: Radiohead (Ok Computer e principalmente The bends), dois dicos noventistas do Red Hot Chilli Peppers, dos quais me identifiquei demais, justamente quando praticamente já havia deletado a banda da minha galeria de artistas preferidos: o One hot minute e Blood Sugar Sex Magic. Por último, acho que The Breeders, que conheci no palco, também no Terra de 08 e o som rockeiro-instrumental do trio Pata de Elefante, o qual já figura bem classificado na minha tabela geral do Last e que recomendo demais...

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Enquanto postava, antes mesmo de observar as tabelas do Last, a trilha que rolava era Beatles, seguido por Belle & Sebastian que fiquei com vontade de ouvir, após comentar aqui.

**Algumas pessoas como a Nely e a Vanessa, que propôs a blogabem, também a Mari Amorim cá vieram atrás desta postagem que só consegui realizar hoje, quase dois dias após o combinado.

17/06/2009

Bilhete eletrônico ao Mateus

Oi mano, e aí?

Ontem, tomando uma no bar da Rosa aqui em Bauru, eu e um amigo, que também admira o saldo da política externa do presidente Lula, iniciamos uma discussão com uma guria que tem 7 anos como professora de escola pública. Ela dá aula para crianças e é totalmente descrente com o governo, com a educação (mas isso nós também somos!) acha-o mais do mesmo, não concorda com os programas sociais, acredita que somos nós - que não estamos nem entre os ricos, nem entre os pobres - que paga por estes programas, como esse mais recente da casa própria, por exemplo. Também acha que o presidente só viaja e citou o caso "mensalão" que, num oportunismo mal caráter típico de oposições em geral, voltou a TV por meio de propaganda eleitoral. Eu a provoquei para que me dissesse do que exatamente se lembrava do caso. Ela lembrava apenas de nomes: Marcos Valério, Genuíno, Roberto Jefferson e "o cara ministro da Fazenda". Porém, não soube responder quem de fato, ao fim, havia sido julgado culpado no processo todo.

Nós dois, humildemente, tentamos destacar a política externa, de como era importante, dos negócios e de vários países com quem o Lula fechou negócio para o Brasil. E também saímos em defesa de alguns programas, ponderando algumas coisas claro, e para nós dois, que o Lula era o melhor governo que o País já teve em sua história, mas que isso não significava muito, pois esteve longe de ser coerente e longe de apresentar um caráter "mais revolucionário", por não tocar na questão de terras e tributação. Questionei em seguida, que outro governante poderia ter sido melhor; sua resposta: titubeou, pensou, pensou e, sem certeza, disse, "o JK!". Tudo começou por conta de um suposto voto em Dilma.

O saldo no fim não sei se houve, porque ela é do tipo de pessoa que não aceita discussões, sai falando alto e não revê posições. Chatice.

E hoje, aqui navegando via tuíter, a amiga Babi postou o link, seguida da mensagem "que absurdo", se referindo a reportagem da FSP sobre o "apoio" do presidente Lula ao Sarney.

Depois de ler, enxerga-se um pouco de exagero do título, já que o grosso da matéria aponta para outros caminhos. Porém, fiquei pensando, "logo o Sarney que mandou censurar blog brasileiro, por causa da campanha "xô Sarney", que a Alcinéia Cavalcanti abraçou e, por conta disso, após decisão judicial teve que fechá-lo (um zip.net). Assim, ela passou a abrigar seu blog no blogspot por ser um servidor "gringo".

A meu ver, e analisando o contexto de ausência de prestígio que o Senado carrega nos últimos tempos, o que o presidente fez foi apenas um comentário, não sei se apoio seja a melhor definição, por ponderar o histórico de vida do Sarney (que passa diversas vezes pela história da política nacional, inclusive a do Glauber Rocha) e, em seguida, sugere uma investigação. Todos sabem que a família do cara controla um conglomerado midiático que abriga afiliadas da rede Globo, rádio e jornais, mas não sei se isso vem ao caso aqui. E também do caráter elitista-monopolista de sua família no Maranhão e Amapá, é o tipo de situação que o presidente precisa dizer alguma coisa e, às vezes, acaba fazendo uma média. Mas algo me diz que esse cara, o Sarney, não é gente muito das boas...

Mas Mateus, queria saber, o que vc acha de tudo isso?
Não sei muito como analisar essa situação.
No mais, tudo na boa.

Grande abraço,
saudades,

gabriel.

16/06/2009

Tropa da PM vence guerrilheiros comunistas da USP


"A Força Pública de São Paulo em um ato de bravura e dedicação ímpar a Pátria, venceu com brilhantismo e galhardia a feroz batalha contra os guerrilheiros comunistas que haviam tomado de assalto a USP e lá estabelecido um núcleo guerrilheiro em pleno território da prosperidade e do altivo progresso econômico que é essa verdadeira Suíça brasileira."

De autoria do professor Hariovaldo é de longe o melhor texto que encontrei sobre o "confronto" que aconteceu na USP, semana passada. Leia na íntegra.

08/06/2009

De barquinho, pelo grande Mar

O mar é uma grande bolacha líquida de água e sal
Mas ele precisa estar limpinho
Como as lindas águas de Martim de Sá
Lá, o seu Maneco é marinheiro forte
Entra chuva e faça sol, Maneco é guerreiro
Cuida da água, do sal e de todo que habita Martim
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Quando estive em Martin de Sá, no fim de 2008 e nos primeiros dias de 2009, seu Maneco, o morador ilustre da Reserva Ecológica Juatinga, localizada em Paraty - RJ, já nos alertava para a irresponsabilidade de alguns meios de comunicação para com a Reserva.
Ressaltando apenas o caráter paradisíaco de Martim de Sá, esquecem de revelar os cuidados necessários para quem deseja conhecer a praia e de sua reduzida capacidade de abrigar tantas pessoas. Foi assim uma reportagem do Estadão que listava lugares alternativos para a passagem de ano.

A Reserva encheu e o seu Maneco, sempre atencioso, claro que não ia mandar ninguém embora, se virou como pôde para abrigar as barracas na área permitida.
Mas, durante o carnaval, parece que Martim de Sá tornou chamar atenção de turistas após aparição em jornal. O efeito é inevitável e, não fosse a falta de respeito e desmazelo para com a natureza e com o seu Maneco, não haveria problema.
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Aqui ainda é Paraty Mirim; daqui, apenas de barco é possível chegar em Pouso da Cajaíba


O local é realmente vislumbrante. Depois de seguir de carro, por um caminho, de estrada de terra, a partir de Paraty Mirim, você chega numa prainha (primeira foto). Daí, o acesso a Martim de Sá pode ser feito apenas de barco a partir de outra praia que também só se consegue chegar via barco: Pouso da Cajaíba. Desta praia, ou você pega uma trilha de mais ou menos uma hora e meia, ou encara algum barco local, que te levará até a Reserva Ecológica de Martim de Sá.

o percurso da primeira prainha até Pouso da Cajaíba é bem tranquilo

Recomendo a trilha, muito bem demarcada e, embora tenha longo trecho de subida, é recompensante quando você alcança a mata fechada e as derradeiras curvas que levam à Martim de Sá. Depois de algum perrengue, a sensação da chegada, transcende.
O barco te poupa energias, porém o mar aberto causa forte enjôo e tontura (nós fizemos o caminho da volta de barco). Além do mais, a trilha é de graça, ao passo que, com os barqueiros, gasta-se cerca de 20 a 30 reais, por pessoa.

Em Martim, o indispensável são lanternas e velas, pois a Reserva não tem energia elétrica (o que só reforça seu caráter de paraíso) e nem vende bebida alcóolica. Aos que torceram o nariz, digo que o contato com o mar não poderia ser pleno, com o efeito alcóolico. A bebida traria uma falsa impressão.

Há ainda algumas trilhas que podem ser feitas a partir da Reserva. Uma delas, leva ao "Poção", um complexo de águas, uma cachoeira e uma piscina natural fresquinha.

Foi nos arredores da Reserva que senti o mar na pele, sem o contato com a água. Pois, as águas abertas impressionam visualmente, o impacto dos olhos é o primeiro e mais óbvio. Ficar só nele, contudo, significa explorar nem 30% da natureza. Veja, esses são os primeiros raios solares de 2009:



Fechar os olhos e sentir o mar, com os ouvidos e com o tato, é sobrenatural. Mas não dá pra conseguir isso em qualquer lugar, uma praia lotada de turistas, de guardas-sol, reverte em perca de atenção, por isso, Martim de Sá merece um cuidado e respeito a sua condição de reserva ecológica, que muitas vezes é posta em segundo plano.





E para quem imaginou que passar um reveion em uma praia como essa, por exemplo, significa alto orçamento, está enganado. A viagem e estada de cinco dias em Martim de Sá (a partir de SP), com refeição e algum outro gasto incluso saiu em torno de 350,00 reais.


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Esse post é relativo ao dia mundial dos oceanos, dia 8 de junho, data criada no Eco-92, no RJ, mas oficializada pela ONU apenas este ano. A postagem coletiva foi idealizada pelo Faça a sua parte, a quem agradeço pela ótima idéia.

05/06/2009

O Dia Mundial do Meio Ambiente

A postagem de ontem, sobre a MP 458, foi para alertar acerca do risco da medida, em "legalizar" a grilagem de terras, assim como alguns ambientalistas vinham afirmando.

Porém, a MP foi aprovada. Recebi a notícia justamente hoje, no Dia Mundial do Meio Ambiente. Como eu disse ontem, agora resta a Marina Silva (PT/AC) pedir diretamente ao presidente Lula, para que ele vete a MP.

Não consegui preparar nada especial para a data de hoje, porém, o Mateus do Amaral, que bloga no Estação Querida, produziu uma série de posts que falam, em prosa e verso, sobre a temática ambiental, aproveitando a data de hoje.

Nós estávamos discutindo o assunto pela internet (a MP 458), pasmos com a declaração do Carlos Minc, dono da pasta do Ministério do Meio Ambiente (de que a medida é uma "vitória ambiental" - vide post anterior), e o Mateus chegou a seguinte conclusão:

- é uma vitória ambiental, mas em termos, porque por um lado vai evitar mais grilagem, diminuir violência etc. Mas regulariza a terra de meia dúzia de filho da mãe que grilou ou caçou gente para tomar a terra...


Foi hoje também no blog da Luma que tomei conhecimento de uma postagem coletiva muito legal,"um mar de histórias", iniciativa pelo blog Faça a sua Parte.

O Faça a sua Parte abriga, inclusive, um calendário verde, explicando as datas ambientais que rolam ao longo do ano; por meio delas, várias blogagens e postagens coletivas são realizadas. E segunda será um desses dias:

Dia 08 de junho, próxima segunda-feira, é o dia mundial dos oceanos. A proximidade da data com o dia do meio ambiente não deve ser coincidência, mas fato é que, cansados de tanta discussão sobre ambiente, a gente termina deixando de lado o dia 08 - e com isso, perde-se uma chance de ter mais pessoas conversando sobre o mar.

Assim, o Notícias Mentirosas vai participar da postagem "um mar de histórias", na segunda-feira, dia 8 de junho, dia mundial dos oceanos. E convida você blogueiro (ou não) a participar também! (:

Vamos agregar as histórias que os amigos e participantes enviarem entre dia 05 e 08 de junho e listar num post na segunda-feira. Convidamos então quem quiser participar a entrar nessa onda, compartilhar a sua história, compartilhar a sua história.
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abraços,
e ótimo fim de semana!

04/06/2009

A questão (MP 458) está no ar, é necessário respirá-la

A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (PT/AC) é um dos poucos combatentes no Senado, ao lado de Eduardo Suplicy, a aprovação da Medida Provisória 458, batizada de "MP da grilagem" de terras na Amazônia. Marina fez ontem (03/6) discurso relembrando figuras como Chico Mendes e outras 258 mortes na região, fruto de conflitos agrários, após ativistas do Green Peace BR serem detidos em manifestação de entrega da faixa de "miss desmatamento" a senarora do DEM, Kátia Abreu.


ativista com máscara de foto de Katia Abreu; a senadora se negou a receber a faixa

É um assunto delicado, merece mais de 447 holofotes, pois se aprovada, permitirá à União transferir, sem licitação, terrenos de sua propriedade, de até 1,5 mil hectares, aos ocupantes das áreas na Amazônia Legal, além de "regularizar a apropriação ilegal do patrimônio público, caso de todas as terras griladas", explica o prof. Ariovaldo Umbelino, geólogo da USP em entrevista ao portal Eco Debate.

O ministro do MA Carlos Minc defende a medida, que ele chama de uma "vitória ambiental" ponderando que quem receber os títulos de terras não poderá realizar desmate da área, sob pena de multa; a medida seria portanto, para organizar a questão fundiária na região amazônica. Para outro ministro governista, Mangabeira Unger, tem havido uma distorção do que realmente é a 458: "a medida tem como objetivo coibir a grilagem promovida por máfias que se beneficiam da falta de regularização”. Unger disse também que é absurdo querer chamar de grileiros 500 mil famílias que residem em áreas urbanas e outras 400 mil que estão em áreas rurais".

Ambientalistas e sociedade civil parecem querer barrar a medida com furor. Marina pedirá pessoalmente ao presidente Lula o veto da lei, caso a MP seja aprovada no Senado. Nunca é demais lembrar que Marina Silva deixou o governo por "brigar demais" e "ser muito exagerada" em prol de questões ambientais. O ideal, em se tratando de terras amazônicas, seria a consulta e opinião populares, porém, isso praticamente não existe no Brasil.
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& Enquanto posto ouço: Ticon.

02/06/2009

*A vida pós-admirável mundo novo


Ainda bem que inventaram os apetrechos high techs, porque agora quando entro na minha sala e cozinha até tropeço de tanta coisa que comprei e já não tem mais dispensa pra enfiar.

Também agora quando ando na rua e ligo meu Mp3 super mega foda não conheço mais ninguém, me fecho no meu mundinho roquenroll: não vejo nada, não penso, não ouço, nada.

E ainda bem também (essas duas palavras já foram repetida n vezes e quando isso acontece temos que variar, escolher outra, para mostrar que temos técnicas apuradas e vasto vocabulário) que o big bode acabou. Mas ano que vem tem a edição número 27 para eu me divertir de novo; o Faustão me garantiu ontem que o último big broder foi o melhor em nível intelectual dos participantes. Logo, o próximo será ainda melhor, claro mano.

E eu pequei por empréstimo porque me apossei dos pensamentos transcritos num pornô-erótico que acabei de ler. Agora vou ter que me ajoelhar, rezar pedir misericórdia clemência da alma minha que desejou a mulhé do próximo e aqueles aparelhos maravilhosos todos da casa do meu primo médico. E tornei a pecar porque (de novo essa palavra) havia me engajado politicamente e, portanto, não poderia mais freqüentar aquele supermercado que compra carne de terras que usam trabalho escravo, mas edaí-foda-se, é só hoje, não vou a outro lugar, já estou aqui mesmo e a gasolina é cara, me faltam meios, emprego, cachaça, estou desculpado.

Perdão também mãe natureza por aquela fóda que eu dei no banheiro enquanto a água abundante e quentinha caía pro ralo. Ferrou, vida lazarenta e pobre que não tem nem vinte conto pra sorrir na balada. Agora eu to mal. Vou às compras, voltar com várias sacolas balançando, jogar tudo na cama, abrir uma por uma, que delícia e passar esse mal estar stress momentâneo, depois um lanchinho e.

E nem vai dar também para cachimbar porque foi proibido. E o índio acabou preso, queimado na sarjeta e o outro morreu num sorteio por causa da hiper-lotação e eu não vou querer isso pra mim, claro, afinal sou um rebelde sem causa que tem dinheiro pra sair, um carro que o meu pai me deu (filho homem tem que ter um carro seu) e vários outros investimentos: aulas de natação, plano de saúde e escola particular, outra de idiomas, curso de piano (o Word tá dizendo aqui que essa frase tem 64 palavras e ela deve ter apenas 60). E agora essa minha geração faz tudo pela internet, não luta por nada, debocha de quem pensa e manja tudo de jogos on-line, mas não sabe jogar mãe da rua. Sorte nossa que não teremos problemas com o sistema, porque já estamos inseridos nele, com uma falsa ilusão de consciência e. Estou sem ar, preciso tragar um cigarro pra acalmar, alguém tem um pra eu cerrar?

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* Com algumas pequenas mudanças, esse texto foi originalmente publicado em 2007, no Binóculo, quando o site estava na ativa. A escolha da imagem deve-se ao fato deste conversar com as críticas que Chaplin fez em "Tempos Modernos".

Enquanto posto ouço & Nação Zumbi &