27/05/2008

Uma noite de balada rocker burguesa na terra-do-caos

Em 05 três caras fizeram "polgar" um bar inteiro (o Jack, de Bauru) com um som surf-rock-psicodélico. Eram os Dead Rocks.
Três anos depois e um disco clássico na manga (Internacional Brazilian Surfers), outro show fez quase um bar inteiro polgar novamente. Foi além, na verdade: cabeças e cabelos vibrantes sacudiam freneticamente, dancinhas, pulinhos pra lá e para cá, mãos incansáveis tocando guitarras invisíveis no ar...

Depois de uma verdadeira saga até conseguir chegar ao CB Bar na Barra Funda em São Paulo (correndo literalmente para pegar o metrô - que pára às 00:30 - fiquei sem bilhete, a bilheteria tinha acabado de fechar; em ato desesperado, totalmente animal, em pânico de ficar sem balada, me rebaixei e tentei passar por baixo da catraca do metrô, na maior).
Óbvio, deu merda.
Mais informações e consegui chegar até a avenida Francisco Matarazzo, por R$ 2,30, de ônibus. De lá, sempre perguntando, caminharia até o CB. (Para quem não manja a distância, uns 40 minutos na "bota").
Depois da saga, sou recebido, na portaria, por uma figura (não há outra palavra) erótica e/ou pornográfica. Com um decote enorme, seios saltitantes, brancos e tatuatos, impossível não olhar; a sobrancelha só um risquinho em formato curvo, olhos negros, sensuais, e braços, pescoço e tudo mais tatuados, coloridos. Wherever.

O Bar
No CB era tudo muito caro (5 reais a lata de Itaipava). Então, caro por caro, pedi um chopp escuro, parecia bom, num copo de 500ml. Na hora de pagar: R$16,00, poderiam servir num copo de ouro, inclusive.
Rodei o bar atrás de duas amigas que não via há tempos! A lei de Murphy, contudo, imperou, levei um furo, as minas não apareceram.


O show do Dead Rocks assim, precisava "salvar" a noite. TINHA que salvar. Enfiei-me no meio do underground-burguês de Sampa, a discotecagem rolava, no PC lá no alto, no canto, o Flávio, batera da rocker Forgotten Boys, tocava, maioria classic rock.

O show

O trio apareceu, às 2 da matina, o figurino como de costume, óculos escuros, estilo copacabana-robótico, calças pretas, blaser vermelho, gravatas. E mostrou porque são de longe a melhor banda de surf-music do Brasil. Conseguem manter a pegada disco após disco e ser rockeiros, agressivos, tocando "surfers".
Após um grito insano de Johnny Crash ("voz" e guitarra), as primeiras notas de Beach´s Bitch provocaram danças havaianas e passos psicodélicos desse que vos bloga. Muitas meninas ao lado, flambavam, soltas, leves, flutuantes, como uma cena do filme Medo e Delírio em L.A.


Vieram outras faixas de International Brazilian, como "Dead can surf"e trechos com faixas do disco novo, claro. No meio de uma e outra, jams longas, surradas, carregadas de guitarradas brutas e rock instrumental de prima. Eles (e nós) estávamos realmente nos divertindo. Os Dead Rocks são no palco uma banda que mixa rock´n roll-surf-dançante-psicodélica-viajante.

Os quinze "mengols" da portaria, o chopp (pra contar estória) e uma cachaça eram finalizados às idas 4 da madruga. Agora, era descolar um lugar para dormir (literalmente), já que os planos construídos com as minas haviam-se desabado.
Porém, nada como surpresas contornadas, caminhadas noturnas na terra-do-caos, pessoas e a companhia da melhor banda de surf-music do País.

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PS. Essa postagem foi escrita há vários dias. Porém, por causa da data (13 de maio) e da importância do assunto (escravidão no Brasil), preferiu-se a postagem "O que estamos fazendo aqui, precisamos construir este país!".

22/05/2008

Bebida dos deuses

Ontem, na rua comendador lete, 4-55, vila Camargo - Bauru, foi descoberta uma das bebidas dos deuses:

Pêra
+
Maçã
+
Leite
+
Achocolatado
+
Leite condensado ou mel

=



bebida dos deuses.

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15/05/2008

Por dentro do blog

No post anterior - um grito acerca do (ainda) trabalho escravo no Brasil - a Vanessa (primeira vez neste blog), comentou:

"Eu moro em Maceió-AL, terra da exploração trabalhista, da indústria sucroalcooleira, constatemente aparece nos jornais locais notícias de fazendas, fábricas que funcionam em regime de trabalho escravo, péssimas condições de tudo, nos perguntamos: o que fazer?
- votar diferente?
- não votar?
Justamente as pessoas que mantém esse tipo de prática patrocinam campanhas eleitorais, quando não suas próprias familias que estão no poder".


Vanessa, de posse da informação que você nos transmite, é que devemos ir às urnas votar, fazer valer o direito de escolha dos nossos representantes, na tentativa de excluir os políticos mal intencionados do País.
Este ano teremos eleição, em outubro próximo, para prefeito e vereadores municipais. Precisamos ficar atentos para o fato de que os vereadores são eleitos por votos proporcionais, ou seja, se o candidato do partido "X" tiver 1,5 milhão de votos, levará com ele também, outro candidato (aquele que você não votou diretamente), já que os 1,5 milhão de votos, dá direito ao partido "X", a eleger duas ou três cadeiras a mais, por exemplo, na Câmara de vereadores.

Não sei se fui claro. Essa postagem no Blog do Mello ilustra melhor do que eu.

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No blog da Vanessa, há uma postagem-entrevista sensacional:

Pergunta: Exercícios cardiovasculares prolongam a vida, é verdade?
Resposta: O seu coração foi feito para bater por uma quantidade de vezes e só... não desperdice essas batidas em exercícios. Tudo gasta-se eventualmente. Acelerar seu coração não vai fazer você viver mais: isso é como dizer que você pode prolongar a vida do seu carro dirigindo mais depressa. Quer viver mais? Tire uma soneca !!!

P: Devo cortar a carne vermelha e comer mais frutas e vegetais?
R: Você precisa entender a logística da eficiência... .O que a vaca come? Feno e milho. O que é isso? Vegetal. Então um bife nada mais é do que um mecanismo eficiente de colocar vegetais no seu sistema. Precisa de grãos? Coma frango.

P: Devo reduzir o consumo de álcool?
R: De jeito nenhum. Vinho é feito de fruta. Brandy é um vinho destilado, o que significa que, eles tiram a água da fruta de modo que vc tire maior proveito dela. Cerveja também é feita de grãos. Pode entornar!

Continue lendo.

14/05/2008

“O que é que estamos fazendo aqui? Precisamos construir esse país!”

Em 13 de maio de 1888 finalmente a escravidão acabou no Brasil, através da Lei Áurea. Salve Princesa Isabel! Salve!

Desde então, não há escravidão, de nenhum tipo no País, ela foi abolida, cantemos juntos:

Uh, Uh, Uh, que Beleza!



campanha da OIT pelo fim do trabalho escravo

“A escravidão foi substituída pelo salário, que nunca dá para o que precisamos” – Jéssica Balbino, em Escravidão Moderna.

“Façamos a abolição outra vez. A primeira abolição não resultou na emancipação econômica e educacional dos libertos. A segunda abolição é para corrigir esse malogro fatal da nossa história...” – texto da página 3 da Folha de S.P de hoje, de Roberto Mangabeira Unger, prof. da faculdade de direito de Harvard.

São tantas as emoções! São tantas as Dorothys! São tantas as terras pra quem quer cultivar! São tantos índios! São tantas as chacinas! (em Unaí, por exemplo, são 4 anos, e os grandes sem punição, você lembra?)

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Ontem:

“Ao serem capturados os índios eram forçados a executar o trabalho nas lavouras, onde eram super-explorados e sofriam maus-tratos”.

E hoje:

"As comunidades indígenas estavam construindo suas casas em sua terra, quando uma caminhonete e cinco motoqueiros chegaram atirando por todos os lados no sentido de impedir que os indígenas construíssem suas malocas..." – Raposa/Serra do Sol - PA

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You Tube:
Embora pareça governista (por causa dos dados) este vídeo mostra a dimensão e os números encontrados no Brasil acerca de trabalho escravo. A gente acha, mas não temos noção.

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É sempre positivo pensar em como podemos reagir ou o que podemos fazer frente aos problemas infinitos que o Brasil carrega. Ontem, conversando com a Júlia e a Fernanda, comentei que não podemos mais aceitar nos "ajoelharmos para ganhar mais", como diria a letra de "Brasil Novo", do Mercado de Peixe; quando houver opressão, por exemplo, já que trabalho escravo "parece-nos" distante, é necessário abrir a boca.
Pelo menos isso.
É preciso lembrar que maior do que nossos projetos, gostos, conversas e eteceteras e tales, há as várias lutas diárias que precisamos comprar.

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*out off topic: Ei blogspot pára de encher, adsense aqui não, vá lá pra casa do caraleo!

07/05/2008

Há quanto tempo os índios nesse país estão em busca de terras?

foto: daqui.

Ontem, cerca de 8 índios foram baleados (de novo) em Roraima, por causa de conflitos (de novo) envolvendo a posse de terras. Os tiros foram disparados por funcionários da fazenda do prefeito da cidade de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM) (e também presidente da Associação dos Rizicultores de Roraima). A fazenda Depósito, de Quartiero, onde há largo cultivo de arroz, situa-se no meio da reserva Serra/Raposa do Sol.
Quartiero disse que seus funcionários só atiraram pois foram recebidos a flechadas pelos índios.
Uma pausa. Como pode ter sido conflito se (de novo) só há feridos de um lado apenas?

A região é legalmente indígena (há cerca de 20 mil índios lá). Em 05 o presidente Lula decretou de vez que as terras eram dos índios, e cabia à PF (de novo) retirar os não-índios da região. Mas, segundo a Folha, em abril deste ano, o STF (de novo) concedeu limiar ao governo de Roraima suspendendo a ação da PF. A medida (que mantém as áreas (ilhas) de cultivo de arroz na região) vai de encontro ao interesse (de novo) dos arrozeiros que têm grande apoio político na região.
Agora, na semana que vem o STF irá definir se a área será exclusivamente dos índios ou se terá, no meio dela, as "ilhas" de cultivo arrozeiro.

E como foi que tudo começou? (de novo) Ganância.
Na década de 80, posseiros invadiram as terras da reserva dos índios, dando início aos eternos conflitos.

O programa Falando em Política gravado sexta passada, o qual tive o prazer de locutar, explica bem o assunto em Roraima. Ouça (apenas com winamp).

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Sábado, a caminho da chácara do casamento da minha prima, havia um recanto chamado "Recanto dos Bandeirantes". Comentei, mas me chamaram radical: "bandeirantes não eram os caras que matavam índios? Pô, e os caras ainda ganham uma homenagem?".
Bom, deixa pra lá.

04/05/2008

Fechar a porta e descansar lá naquela sombra arbórea


Fajuta sabia, era como um sonho (in)finito, perfeito, deslocado do espaço. Já havia dito mil vezes e tornou a dizê-lo aquela frase que dizem da boca pra fora, mas que ela falava-o com enorme sinceridade. Era como batidas psicodélicas de surf nos ouvidos e sangue, só que na alma. Era um dançar blues extasiado, colado. Era um olhar para ele, saber quem ela era. Era a expressão do músico quando sola. Era como os gritos eufóricos libertinos de 68; um atingir da sabedoria não-romântica. Era um calor que chamavam sal-dade, que vinha, subia dos pés até o fio mais alto, onde se instalava sutil, demorado e cansativo. Depois, ia-se, para tornar em seguida.

E agora, o que faço com essas fotos todas? – perguntou ela ao Chico, buscando solução nos sambas de um CD gravado. Ao que o Chico respondeu:

É uma foto que não era para capa
Era a mera contra-cara, a face obscura
O retrato da paúra quando o cara
Se prepara para dar a cara a tapa

Era como se aquela hora deles houvesse se transformado. Era um belo final de filme, surpreendente, num fim de tarde qualquer. Era uma canção-balada de violão e gaita que estremece as células do braço, com arrepios hipnóticos.

Hey, hey, my, my! Era colocar os óculos e não enxergar mais as palavras daquilo que haviam reportado. Era tirar os pés daqueles chinelos emprestados. Pegar as camisetas, os CDs ali deixados, os filmes e o coração de volta.