29/03/2008

Faça um desejo

Na postagem do dia 27/3 do blog da Luma foi que encontrei a brincadeira. Achei muito legal e vou repassar aqui para os blogs dos amigos Mateus e Carol e Raquel e Andréa. É simples, fiquem à vontade para espalhar os desejos por aí.

1. Pense em algo que você mais quer do que tudo, um pedido profundo que venha do seu coração e que você gostaria de desejar se visse uma estrela cadente atravessando o céu noturno.

2. Clique com o lado direito do mouse e salve a imagem acima.

3. Use um programa de imagens qualquer de sua escolha e coloque seu desejo nessa imagem.





M
eu desejo vem inspirado de uma entrevista que vi este ano no programa Roda Viva, da TV Cultura. O médido estadonidense Patch Adams atentou para, segundo ele, a única coisa que deveríamos estar praticando na Terra e que nos esquecemos. Eis o meu desejo:

Essa postagem da Luma me ajudou bastante a entender um pouco do que está acontecendo lá no Oriente Médio, na China, no Tibete. Parece que a blogosfera se mobilizou de tal maneira que a petição on line pelos direitos humanos no Tibete foi a que cresceu mais rápido da história!

Conto com a participação de todos vcs, especialmente dos blogs mencionados lá em cima!
Obrigado!

26/03/2008

Pega essa capa


O disco The Mix Up, dos Beastie Boys é como um filme bom que você assiste e fica semanas lembrando dele. Ou então, acontece como quando você é adolescente e acordar cedo e colocar o rádio para funcionar, um CD preferido, um som novo, é praticamente um evento.

Mix Up é curiosíssimo. Há uma faixa, das melhores, intitulada "Suco de Tangerina", que soa como uma mistura de reggae, drum e um órgão delicious. É, como bem ressaltou o grande amigo Dalton, um álbum que passa meio pela tangente da carreira musical da banda. Dificilmente alguém que não o conheça, ouvirá e dirá que se trata dos Beastie Boys.

A porque aqui, uma das grandes características do grupo, as mensagens letradas e rimas, desaparecem: é um disco instrumental. Para o Boy Mike D, trata-se de "um disco pós-punk instrumental (X)"; disse também que lá não há samplers, que eles tocam todos os instrumentos.

O álbum data de 07. Éééé. Com tanta popzera jabazesca que rolou no ano anterior, a Rolling Stone brasileira mesmo, não conseguiu encontrar espaço nos seus "25 mais de 07", para a grande obra sonora de Mike D, MCA e Ad-Rock. (E ridicularmente, não achou lugar também para Because of the Times, a revolução sonora do Kings of Leon).

Uma faixa ou outra (como "The Melee", ou "The Cousin of Death", por exemplo) chega a lembrar, talvez pelas composições soul-jazz (por vezes viajantes-psicodélicas), o desconhecido trio 90tista Medeski, Wood & Martin. Outras, como, "Off the Grid", que começa mineirinho, como quem não quer nada, se transforma num absurdo sonoroso; parece ter saído de um riff rockeiro mixado ao crescente de uma música eletrônica.

É um disco pra mergulhar, ouvir numa relax, numa tranquila, e viajar.

Ouça: "Off the Grid", ou então veja o clipe e descubra de onde saem os sons e porque ele começa com aplausos:



----

Agradecimentos ao Dalton, que me mostrou essa discasso.

Cafuné.

Então ele discou-a. Pensando que talvez ela fosse disk pizza. E ela, por sua vez, imaginou que ele achava que ela fosse realmente disk pizza.
(Subentende-se que o leitor saiba, ou imagine, ou infira o que é disk pizza.)

Ela atendeu, ele replicou direto:

_ Ei, venha cá logo, correndo, rápido me fazer cafuné!
Estou tendo pesadelos, preciso do seu cafuné para dormir gostoso!

----
Aonde foi parar o cafuné?
O Xico Sá idealizou uma campanha permanente pela volta do cafuné. Notícias Mentirosas abraça hoje, um dia saudoso e de colo, oficialmente a campanha.

& Queen of the Stone Age - Era vulgaris &

25/03/2008

O grito

Da Folha on line:


O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi absolvido da acusação de ser o mandante do assassinato da freira norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, em fevereiro de 2005. Por 5 votos a 2, o Tribunal do Júri de Belém o considerou inocente. A Promotoria vai recorrer. Bida, que estava preso desde março de 2005, foi libertado no início da noite.


No Brasil, há uma legislação bastante rígida. Vide as penalidades dos crimes contra o Meio Ambiente, por exemplo. O agravante é que só é aplicada em ocasiões reduzidas. Quando, por exemplo, a mídia massacra a população com seus capítulos diários novelescos dos fatos, pressionando e agilizando os julgamentos; ou quando, em raros instantes, tem-se profissionais sérios. Do contrário falta ao Executivo competência para aplicar o que está na Constituição e coragem ao Supremo (e aos juris populares) para condenar as pessoas que corroem esse País.

21/03/2008

Contomarraposasexy

O Sr. Marraposa participou de uma exposição de fotografias digitais, lá no Estação Querida, o blog dos amigos de vida Mateus e Carol. Depois de passear de trem pelos trilhos abandonados do meu Brasil, a senhorita marraposa S.B. apareceu aqui na casa da Tia Neide para uma visita breve:


Mas S.B não quis descer. Convidei-a para sentar-se e aceitar uma xícara de café. Recusou. Porém explicou-se dizendo estar quebradinha.

Aí, a conversa emplacou. Ela solicitou um som. S.B era do róque, notava-se pelas influências. E me aconselhou:

_diga-me o que ouves e eu te direi quem és.

S.B. avistou de longe o disco de vinil sobre a cama. Pediu-me para colocá-lo na agulha.


Em seguida, contou uma estória; dizia-se meio forest gump. E prosseguiu:

_Esses dias atrás, parti daqui das Baurets, e fui visitar a Tati lá na capital. Mas ela ficou com medo e chamou um moço feio, um tal de Zé, porteiro, 34 anos, casado, solteiro de noite, comentarista de futebol, para me tirar da parede da sala dela. O Zé tentou explicar... em vão. A Tati então gritou:

- Tiraaaaaaaaaaaaaaaaaa Zéee! Mata elaaaa!

A sorte é que seu Zé me levou até o jardim, onde conheci a dona Formiga e muitos, muitos outros amiguinhos.


& Steve Ray - Texas Flood &

acabo de descobrir que tocar guitarra invisível é animal.

----
Feliz Ovos de chocolate!

19/03/2008

Censura digital

charge: Zé Scafi, no novo site de Amorim

Surpreendeu-me a notícia de que o blog do jornalista Paulo Henrique Amorim, o Conversa Afiada (ao tentar acessá-lo dá erro 404), foi simplesmente deletado pelo portal que o abrigava, o IG. Não contente, conforme informou no blog Vi o Mundo, o Luiz Carlos Azenha, o portal retirou do ar o Conversa Afiada sem qualquer aviso prévio aos leitores. Um fiasco.

Fico pensando cá no absurdo desta decisão (histórica) e que possibilidades de indenização, ou qualquer outra "amenidade" o PH conseguirá. Você vai para a cama e, no dia seguinte, sua página na internet, visitada por zilhões de pessoas, num passe de mágica, desaparece, não está mais lá, nem para consultas, nem para acessar conteúdo, nem para nada.
Os leitores, por sua vez, imaginam haver alguma falha, pois reducionalmente não há uma mínima explicação sobre o encovado.

PH se pronunciou breve acerca do sumiço no portal do IG, no seu novo site, como não podia deixar de ser, Conversa Afiada.

Com a atitude do IG, penso eu, o portal perde por completo a credibilidade. Eu é que não vou ler informação de quem exclui blog e, sobretudo, conteúdo de um baita jornalista, assim "do nada", sem informes, sem respeito, sem dignidade, importância. Não encontro outra palavra: censura.
O prêmio IBEST - premiação de várias categorias de websites, organizado pelo IG - como retalhou também o Azenha, é outro que perde o respeito. Perdemos todos.


Metalinguagem
A primeira vez que li o antigo Conversa Afiada (através do blog do Suzano), gostei bastante das opiniões ali expostas, descobri o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista), e passei a frequentar o espaço de vez em quando.
--------

& Portishead - Dummy, disco clássico que praticamente definiu um gênero 90tista, o trip-hop &

O grande ronco

A minha tia-avó - a tia Neide que me abriga em Bauru e faz comidas de vó e me conta sobre Freud - acabou de dar um puta ronco lá no quarto. Quando crescer quero ser fodona como ela.

----

& Jon Spencer Blues Explosion &

12/03/2008

Ensaio sobre a nudez

Ei moça adocicada dos lábios de mel:

Escreva. Faça parar a vida, no caderno, na rua, na solidão do computador, na carona da circular, na parede do banheiro, no trem, escreva!


_E por que queres tanto meu senhor?
_Porque eu quero vê-la.
_Ver-me?
_Sim. Ler as palavras que insistes em esconder-me, lhe revela os pensamentos, lhe revela as idéias, as lutas e, sobretudo, lhe revela a alma. Deixa-a nua. Completamente. E deveis saber que as mulheres são lindas. Mostre-se.
_Ah, sim - moço safado - entendi suas intenções.
_Que bom, vejo-a ser uma pessoa de vasta inteligência. Mas, o que me diz, vais escrever algo e mostrar-me?
_Não!
_E por que não menina?
_Porque não quero que me vejas despida. Tenho vergonha da minha nudez. Estou fora dos padrões estéticos (poéticos) aceitáveis. Peco nas celuligrafias, desconheço regras de estriação...

_Huumm, compreendo. Mas não se importe com os “pecados” que mencionou, praticamente não difere das pessoas a vossa volta e, mesmo que diferenciasse, repito: é coisa pouca, temos outras causas importantes para nos ocupar.
_Entretanto, se a vergonha for, mostrar-se nua, tudo bem, nós temos medo do que as pessoas podem pensar ao nos ver nus.
_Sim, a vergonha és esta mesma que acaba de discorrer, senhorito.
_E então, não quer despir-se mesmo?
_Que atrevido!
_Você entendeu. O que me diz? Mostre-se, deixe-me ver sua alma, através das palavras que escreve!
_Ok, você venceu e os vencedores merecem batatas.

Arrancou do bolso uma grande batata selecionada do campo e lançou-a com extrema força no senhorito. Ele, em pé, rapidamente encolheu-se e moveu os braços e mãos para proteger o rosto. Passou raspando. Quando acalmou-se, olhou-a: ela ouvia blues em um grande fone de ouvidos e lixava as unhas, o fundo branco, com o semblante tranqüilo.

Esticou o indicador, deu três batidinhas no ombro da moça que trajava um vestido cor-de-rosa lindo:

_Sim, pois não, em que posso ajudá-lo senhor?
Que loucura – pensou.

Ao invés de dizer qualquer outra palavra, a moçoila preferiu apontar o dedo para um móvel estacionado ao lado deles. Um livro repousava solitário sobre o criado mudo.

_O que é isso?
_Um livro!
_Estou vendo!
_Então por que perguntas?
_Ah, seja gentil, sou tão educado. Veja o trabalhão que estou tendo. Só quero lê-la, só isso.
_Só isso? Que pena – falou olhando para a lixa e as unhas.
_Seja gentil! – disse sorrindo.

Ganhou outro sorriso de volta. Lembrou-se do livro. Foi em sua direção, mas sentiu-se travado. Lucy agarrou-o pela camiseta, impedindo-o de alcançar o livro dourado.

_Espere – disse harmoniosamente.
_Pronto, agora sim!
_O que você fez?
_Lembrei-me que precisava enviar vibrações positivas pra mamis. Ela pediu-me, ia fazer um curso para aprender a ser feliz - disse-me que agora - que a felicidade era questão de dias! Então, acabei de mandar as vibrações senão depois podia esquecer-me.

Não entendeu muito bem aquilo, estava impaciente, queria abrir logo aquele livro. O livro dourado.

_Posso? – disse desviando o olhar em direção ao livro.
_Pode!


Segurou-o. Não era exatamente um livro, mas um caderno de anotações. E, percebia-se logo, havia muitas coisas escritas, marcas de um caderno que vai de cá para lá a todo instante. Resolveu abrir numa página aleatória, escritos em azul:


Assim como quero aprender um pouquinho de cada religião e ir pro céu com todas elas

Quero aprender cada pouquinho do seu corpo; observar atenta a sujeira escondida na sua unha, achar as perebas e delas cuidar;
beijá-lo na testa, entre as sobrancelhas, descobrir as pintas, sugar o cheiro da tua boca e pele...


Não vou me aborrecer com a sua cabeça gorda de esquecer todas as coisas, talvez meu pai tenha sido assim algum dia; nem vou aborrecer com o seu andar torto e seu bafo de onça, no fim do dia

Não vou ligar se você esquecer de me ligar porque estava entretido nalguma conversa de boteco sobre futebol, política, sexo ou sobre mulheres. E o principal: não vou ligar se as pessoas que lá estavam eu goste ou desgoste, se são amigos ou não.

Provavelmente eu vá pensar em vc toda vez que abrir a geladeira e encontrar potes de geléia de morango

Toda vez que ver uma notícia sobre luxo, naquele jornaleco de merda ou encontrar o livro da Patrícia Mello num sebo barato

Provavelmente me recorde. Toda vez que ouvir alguém divagando sobre Comte e lembrar daquele seu papo furado que não levava a nada, de divagações vagas;

Ou quando vier com aquela estória de felicidade em todos os momentos da vida


Nem vai fazer diferença se me beijares o beiço ou a vulva, contanto que beije.

Não fará diferença se trará um copo de leite ou uma cesta de café na cama, contato que o faça quando estiver afim.

Nem fará diferença se fume maconha, cigarro ou o que quiser, com a condição de que seja lá do outro lado da rua, meus pulmões são delicados;

...

Não terminou de ler. Havia mergulhado na intensidade daquelas palavras e, quando se deu conta ergueu a cabeça para ver o que Lucy fazia. Os quatro olhos se encontraram, refletidos um no outro, ela fitava-o, ansiosa, sedenta, pronta para dizer:

_Agora que estou nua, é a sua vez de despir-se. O tempo está passando e já demoras demais...

------


&Franz Ferdinand, que aliás, tem previsão para lançar um disco em breve&

03/03/2008

"Até que a morte os separe"

Postou-se ao sofá novinho de couro confeccionado pelo pessoal ali da fábrica de Caieiras Sentado colocou um dos tornozelos sobre a outra perna Encostou o cotovelo no braço do sofá e apoiou a cabeça com a mão Coçou a cabeça Pensou


A morte não separa nada Conversa fiada Quem separa é outro, o amor.


Quando ele desaparece,

nos caminhos adormecidos,

vai e divide e separa e segrega e rompe e fatia

o que a vida construiu

a morte não aprendeu a dividir.


Desculpe-me seu Padre, mas o senhor foi enganado.